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domingo, 13 de abril de 2014

QUINTA-FEIRA SANTA - VÁRIOS AUTORES

QUINTA-FEIRA SANTA

“Dei-vos o exemplo”
Passaram-se dois mil anos e essas palavras ainda ressoam aos nossos ouvidos: “dei-vos o exemplo”. A história da Igreja está cheia de santos, homens e mulheres que souberam dar a sua vida por Cristo, seguindo fidelissimamente o Senhor Jesus: desde são Pedro e os demais apóstolos, passando por santa Maria Madalena, santa Inês, são Bento, são Francisco de Assis, são Tomás de Aquino, santa Teresa D’Ávila, são João Maria Vianney, santa Teresa do Menino Jesus, até os santos mais recentes como são Josemaría Escrivá e o futuro beato João Paulo II, todos foram luzes acesas mostrando-nos em cada momento da história por onde teríamos que ir, ou seja, pelo Caminho, por Cristo. Ao lado dos grandes exemplos de caridade e de serviço ao próximo, houve aqueles que não quiseram servir a exemplo do Senhor. Judas o traidor, Juliano o apóstata, tantos hereges e tantos cismáticos; tanta gente que nós não podemos julgar, mas que deixaram atrás de si a marca suja e nojenta de um contra testemunho que também perdurou. Quanto se exige dos cristãos! Aqueles que nos olham desde fora, porque ainda não pertencem a essa grande família de filhos de Deus por graça, gostariam de ver que nós somos mais desapegados dos bens materiais do que os outros, mais dados às obras de caridade; pedem de nós pureza de coração, castidade e uma vida de oração que seja condizente com aquilo que nós pregamos. Enfim, querem ver santidade em nós. Querem ver que vivemos unidos. Hoje, por exemplo, quinta-feira santa: quão bonito ver o bispo e o clero, assim como tantos outros fiéis, reunidos para celebrar um momento que expressa a comunhão eclesial na missa do Crisma! Essa unidade é tão somente para essa manhã ou é algo permanente entre nós? Quantas palavras bonitas: diálogo, comunhão, fraternidade, serviço, caridade, solidariedade! Mas… dentro dos grupos da igreja, quanta rivalidade! Entre os movimentos, quantos desejos de ocupar o primeiro lugar para assemelhar-se às estrelas! Entre tendências legítimas, todas católicas, quanta falta de respeito à opinião dos irmãos! Em relação aos êxitos dos outros que trabalham por Cristo como nós, quanta inveja! Há muito que purificar, há muito que melhorar, há muito por amar. Jesus pede a cada um de nós o esforço por lavar os pés dos outros, segundo o exemplo que ele nos deixou. Quanto custa! Especialmente quando os pés a serem lavados são ásperos, fedem, têm chulé e calos. Suportar a carga não é fácil! Conviver com um irmão chato, demasiado calado ou demasiado loquaz, é sempre mais difícil que conviver com um santo. Mas não podemos esperar que somente os outros sejam santos devido à nossa colaboração, mas também aproveitar as debilidades dos outros para santificar-nos. O exemplo de Cristo é um serviço materializado, não em geral ou em abstrato. De fato, viver a caridade com o Papa ou com o Presidente da República é sempre mais fácil que com aqueles que temos perto de nós. É somente quando se vive lado a lado que se percebe as qualidades do outro. Também nos damos conta dos defeitos: o mau olor de uma pessoa, o mau hálito da outra, a pouca ou nula boa educação de um terceiro. É nessas circunstâncias que fica mais difícil viver a caridade e o espírito de serviço. Caso se queira servir bem e promover a unidade, será preciso evitar as atitudes de três senhores, a do Sr. Perfeito, a do Sr. Tranquilo e a do Sr. Tragédia. De momento, basta com caracterizá-los um pouco. O Sr. Perfeito é muito exigente com os outros, ainda que frequentemente seja pouco consigo mesmo. A sua atitude geralmente é orgulhosa; tem uma visão de águia, não pela amplidão, mas porque olha a todos por encima do ombro e vive ignorando as pessoas. O Sr. Perfeito pensa de si para si, sobre si e consigo mesmo. Ele acha que todos sabem muito, mas muito menos que ele; que muitos podem até ser bons, mas ele é o melhor; que muitos podem até ir à Missa e fazer umas quantas obras de caridade, mas ele vai a todas e vive gastando dinheiro em boas obras. O Sr. Perfeito amiúde é capaz de ficar verdadeiramente irado se alguém faz uma coisa melhor do que ele ou quando um “fulaninho” ousa contradizer as opiniões dele. Ao fim e ao cabo, o Sr. Perfeito sempre tem a razão. Quase canonizável, o Sr. Perfeito sabe muito bem para que servem os outros… para admirá-lo. Já o Sr. Tranquilo, a diferença do seu vizinho, o Sr. Perfeito, é de uma indiferença que impressiona: não se preocupa com ninguém, isso não é da sua conta, aquilo não lhe compete, aquele problema já se resolverá; quanto às necessidades dos outros que são meramente temporais, tudo se solucionará com o tempo, pensa ele. A crise econômica é, segundo ele, somente coisa dos políticos. Que estranho há em tudo isso? Nada. O Sr. Tranquilo é… tranquilo. Ele simplesmente não se preocupa! Para que servem os outros? Para fazer aquelas coisas que ele, para não fatigar-se, não ousa desafiar a própria preguiça e a indiferença em relação aos seus semelhantes. Há um terceiro indivíduo, o Sr. Tragédia. Que coisa tão horrível! Não me diga! Isso aconteceu de verdade! Eu sabia! Eu tinha avisado para ele não se juntar com aquele indivíduo! Socorro! Alguém pode me tirar desses apuros! Essas e outras exclamações são comuns na boca do Sr. Tragédia. Ele sabe muito bem chamar a atenção e é consciente de que os outros servem para manifestar admiração diante do que ele conta e para sentir compaixão da situação tão complicada pela qual ele está passando quase eternamente. Sem dúvida, ninguém o entende, alguns o esquecem, todos são indiferentes às dores dele. No fundo, ele queria que o mundo se prostrasse aos seus pés para servi-lo e visse quão necessitado ele se encontra do serviço de todos e de todas. Ele, no entanto, permanece sempre como a vítima única e absoluta. Fico até a imaginar se um dia o Sr. Perfeito, o Sr. Tranquilo e Sr. Tragédia se encontram. No entanto, como essa homilia já está ficando muito larga, deixemos para contar a história dos nossos amigos sui generis talvez num romance ou numa comédia. Seria um livro interessantíssimo que talvez eu nunca escreverei. Uma coisa está clara, nenhum desses senhores gostam de servir segundo o exemplo de Jesus. Eles desejam ser servidos. Nós, ao contrário, queremos evitar que na nossa vida entre a triste caricatura desses senhores que, de alguma maneira, já estão presentes na nossa vida. Queremos dizer a Cristo todos os dias: “Senhor Jesus, eu te servirei, hoje e sempre, concretamente, em tudo o que Senhor me pedir e em cada ocasião. Senhor, ajuda-me!” Assim a nossa comunhão fraterna será cada vez mais real e tangível.
padre Françoá Costa



O Tríduo Pascal é inaugurado com a celebração desta noite. Celebramos nesta noite um “adeus”: a despedida de alguém que vai voltar para o Pai, mas que concomitantemente, deixa uma profunda nostalgia, sobretudo por causa do modo como essa despedida será levada a efeito, na noite seguinte.  Assim, esta celebração está envolvida de um mistério de alegria, de júbilo, de encantamento, principalmente quando cantamos o Glória, o Hino de Louvor, ao som dos sinos manifestando a grandeza da misericórdia de Deus. Mas é uma alegria em tom menor, misturada com lágrimas e lamentos, uma alegria reticente, uma alegria inibida. É a única celebração litúrgica do ano em que se entoa o glória e não se canta o Aleluia! Isso porque esta liturgia reflete bem o espírito dos fiéis diante dos últimos acontecimentos de Jesus. Eles sabem o que os Apóstolos naquele noite não sabiam: que Jesus está trilhando o horizonte, o seu caminho até a glória. Ao mesmo tempo, porém, sentem profundamente a dor desta noite de traição e de aflição.
Estamos diante do Testamento que Jesus nos legou: a Eucaristia, o Sacerdócio e o Amor Fraterno. Celebramos a última Ceia do Senhor, porque nessa noite Jesus foi traído por Judas Iscariotes. Nesta noite Jesus foi preso no Jardim das Oliveiras. Nesta noite Jesus foi levado, amarrado, à casa de Caifaz, e acusado de se fazer Filho de Deus. Aquele que assumira a condição humana por amor, sofre o ódio e a perseguição. Aquele que passou pelo mundo fazendo o bem; é preso e é açoitado como criminoso. Essa é à noite da traição. Essa é à noite do beijo de Judas. Noite do não da parte da criatura humana à verdade de Deus.
Mas não viemos aqui para celebrar a maldade. Viemos aqui para celebrar o amor e a fidelidade. Vamos atualizar o mistério da instituição da Eucaristia, como dom de Deus para cada um de nós. Queremos celebrar, viver o amor e a fidelidade de Deus, encarnados na pessoa santíssima de Jesus de Nazaré, manifestados em três grandes gestos que podem ser o seu testamento: a instituição da Eucaristia, a instituição do Sacerdócio Ministerial e o anúncio do seu Evangelho que consiste no amor fraterno. Tudo isso foi legado na sala do Cenáculo, uma casa particular, para ser anunciado e vivificado por todos os seus Seguidores. Instituídos no interior de uma residência estes tesouros são levados para o mundo, como sinais da nova aliança de Deus com a humanidade. Nova aliança que gera e transforma esta noite, de noite da traição em noite do amor e da fraternidade, em noite da misericórdia e da acolhida, em noite da santidade e da graça.
Vamos refletir um pouco sobre o mistério que celebramos com fé: a Santa Eucaristia. Com a instituição da Eucaristia Jesus permanece em nosso meio, em forma de alimento, de comida, na fração do pão que se transforma no corpo e na espécie do vinho que se transforma no sangue do Redentor. Jesus está em nosso meio como família, como alimento pascal, como alimento eterno. O próprio Cristo instituiu a Eucaristia ao afirmar: “Tomai todos e comei. Isto é meu Corpo; Tomei e bebei, Isto é o meu Sangue!” Jesus é o próprio Pão Vivo que desceu do céu para nos salvar. Quem comer deste pão viverá eternamente. Promessa feita por Jesus que foi realizada na última Ceia e que nós atualizamos diariamente nas Igrejas do mundo inteiro, fazendo memória do mesmo sacrifico do Cristo. Na forma visível, palpável do pão, mas numa presença misteriosa, real e verdadeira, que encanta nossa existência nos tornando filhos do Senhor presente em nosso meio.
Eucaristia mistério que nossa inteligência não pode explicar, mas que devemos com candura de coração e de alma acreditar. Este inaudito mistério, o mistério inefável, isto é, que não pode ser expresso por palavras, mas vivido e acreditado, porque a Eucaristia é “o fundamento, o centro e o ponto mais alto da vida cristã”.
A segunda reflexão desta noite é sobre o Sacerdócio. O Sacerdócio foi instituído para que a Eucaristia fosse celebrada como dimensão maior da expressão do amor divino pela humanidade. Ao celebramos a Santa Missa, celebramos o amor, o Sacramento da Vizinhança de Deus, o Sacramento da presença de Deus, o Sacramento da Comunhão. Assim Jesus instituiu os Sacerdotes, o seu segundo gesto grandioso como divindade, misterioso como a Eucaristia, mas cem por cento humano: instituiu o sacerdócio, fez o padre e o ligou para sempre à origem e à finalidade da Eucaristia. A partir da última Ceia, é o sacerdote – e exclusivamente o sacerdote de Cristo – que faz a Eucaristia, que a celebra. Ela é a principal e central razão do ser do sacerdócio. Sacerdote, dom divino que o Cristo, sumo e eterno sacerdote do Pai, quis repartir com o homem; e significa também aquele que faz as coisas sagradas, o dispensador dos mistérios divinos e o santificador do povo de Deus.
Sobre a vida sacerdotal, na missa do Crisma dom Eurico dos Santos Veloso, assim vaticinou: “queridos padres, meus irmãos, vamos fazer a nossa reflexão sobre o único aspecto de são José: Pai de Jesus Cristo, é a sua paternidade que tem certa analogia com a nossa fraternidade, Padre = pai.
Por isso podemos cantar: Vinde alegres cantemos, a Deus demos louvor.
A um Pai exaltemos sempre com mais fervor. São José a vós nosso amor,
sede nosso bom protetor. Aumentai em nós o fervor.
Será que a nossa paternidade sacerdotal tem afinidades com a de São José?
Será que a nossa vida sacerdotal comporta a fidelidade às virtudes das quais José nos deu o exemplo? Vejamos...
A paternidade de José e a nossa.
Pedindo-nos a renúncia de ser pais segundo a carne, o Senhor nos ofereceu uma outra paternidade, de origem infinitamente superior: uma paternidade que eu diria virginal, sim virginal, em relação a Ele, em seu Ser Eucarístico, e uma, não menos virginal, para com as Pessoas nas quais misticamente, Ele quer nascer e crescer. (eucaristia - batismo).
Ainda ressoa em nossos ouvidos as palavras daquele que nos fez presbíteros: “Recebe o poder de oferecer o Sacrifício a Deus.” (accipe potestatem oferre sacrificium Deo”)... e nas admoestações: “Ainda que todo o povo de Deus seja em Cristo um sacerdócio régio, Jesus Cristo escolheu alguns discípulos, escolheu você, a mim, para exercermos, em Seu nome e publicamente na Igreja, o ofício sacerdotal, em favor da humanidade.”
A nos cabe continuar a sua função de Mestre, Sacerdote e Pastor e assim fomos constituídos para servir ao Cristo Mestre, para servir ao Cristo Sacerdote e para servir ao Cristo Pastor, edificando e fazendo crescer o Seu Corpo que é a Igreja, Novo Povo de Deus, Templo do Espírito Santo. Meus caros padres, fomos constituídos para celebrar o Culto Divino, principalmente no Sacrifício do Senhor, que pelas nossas mãos é oferecido sobre o altar.
E isto, meu caro padre, cada vez que celebramos a Santa Missa, fazemos eucaristicamente nascer Jesus para o mundo. E não é também sem um gemido interior, onde a ação de graças se mistura às dores do parto, que fazemos nossas, as palavras de Paulo, resumindo admiravelmente a nossa missão referente às pessoas: “Meus filhinhos, que de novo estou dando a luz na dor, até que Cristo seja formado em vós.” (Gal. 4,19)”
O amor deve ser sempre o sinônimo da acolhida que, por conseguinte gera a paz. Amor, perdão que gera comum união com o Cristo, que é a terceira lição que Jesus nos dá na noite de hoje. Jesus levanta-se da mesa, coloca um pano sobre a sua cintura, pega um pouco de água, se ajoelha e começa a lavar os pés dos apóstolos, dos seus discípulos, um por um. Lavar os pés para o povo hebreu era o maior gesto de humildade e até de humilhação. Mas Jesus quis ensinar os seus sacerdotes que este deveria ser o gesto de todos os seus seguidores: estar a serviço do outro, especialmente daqueles que passam necessidades especiais. Lavar os pés, amar o irmão, perdoar, servir, fazer todos os gestos de justiça de misericórdia e de amizade. E celebrando estes gestos presidir a Eucaristia colocando em prática o que dá no testemunho.
Viver estas obras de caridade no quotidiano, assim a Eucaristia só se torna verdadeira comunhão, verdadeira comum/união, se aprendermos a viver a lição do Lava-pés: a lição do amor, a lição do perdão, a lição da amizade, que nos permite seguir o nosso egoísmo, mas ensina a servir a todos; que não nos permite a exploração de ninguém, mas nos ensina a conviver em volta da mesma mesa, respeitando as diferenças e os carismas de cada um.
Celebremos com fé, com a Igreja, Comunidade de amor, alimentada e expressa pela Eucaristia e animada pelos ministros ordenados, o mistério pascal de Cristo. Nesta noite ele é entregue e entrega-se aos discípulos como Corpo dado e Sangue derramado, antecipação de sua total entrega ao Pai.
Que possamos todos, fiéis e presbíteros, todos sacerdotes pelo mesmo batismo, sair desta celebração vivendo intensamente o mistério do amor de Cristo que nos chama a conversão e a vivência de uma fé misericordiosa e participativa, gerando compromisso de autenticidade cristã.
padre Wagner Augusto Portugal


"Ceia do Senhor"
A 1ª leitura fala da Instituição da Páscoa judaica. (Ex 12,1-8.11-14) Deus ordena aos hebreus a imolarem um cordeiro perfeito, a tingirem com seu sangue as portas das casas, para que fossem poupados do extermínio dos primogênitos, e em seguida, comê-lo às pressas, como quem vai viajar. Naquela noite, preservados pelo sangue do cordeiro e nutridos com a sua carne, deveriam iniciar a marcha para a Terra Prometida. Teriam de repetir esse rito todos os anos, em memória do fato. É a Páscoa dos judeus. memória da libertação e anúncio de uma libertação futura (a Páscoa Cristã). Jesus escolhe a celebração da Páscoa dos judeus para instituir a nova, em que ele é o verdadeiro cordeiro, imolado na cruz e comido na ceia eucarística. Por isso a Páscoa cristã também tem sentido de Libertação, de partilha, de preservação da vida, Memorial dos feitos de Deus... Na 2ª leitura, temos uma narrativa da instituição da Eucaristia: É o 1º escrito do Novo Testamento, que fala da Eucaristia. (1Cor 11,23-26) Jesus se entrega na Comunhão... Judas entrega o Cristo, na traição. No Evangelho, Jesus mostra com o gesto concreto do "Lava-pés", o espírito que devem ter os convidados à Ceia. (Jo 13,1-15) Jesus nos convida a penetrar com um olhar mais profundo e amoroso o inefável Mistério que se cumpriu pela primeira vez no Cenáculo... e que hoje se perpetua no Altar... a)  É aniversário da instituição da Eucaristia e Vigília da morte do Senhor.   "Tendo amado os seus... amou-os até o fim, até a morte..." (S. João) ... "Na noite em que ia ser entregue..." (S. Paulo) Tremendo contraste: da parte de Cristo: amor infinito, amou-os até o fim, até a morte; da parte dos homens: traição, negação, abandono... A Eucaristia é a resposta do Senhor à traição de suas criaturas. Mesmo que a morte o arrebate desse mundo, dentro de poucas horas, ele perpetuará aqui a sua presença real e viva até o fim dos tempos... b) dia do Sacerdócio: Para perpetuar essa Eucaristia através dos tempos... através dos lugares: cria o sacerdote: "Fazei isto em memória de mim.."Uma pessoa humana...(com suas limitações...) mas com uma missão divina... a serviço do Povo de Deus: Guiar (Rei, Pastor), Evangelizar (Profeta), Santificar (Sacerdote)...c) Seu Testamento: O Mandamento Novo: "Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei..." Jesus não ficou só nas palavras. Quis mostrar seu amor com um gesto concreto. O lava-pés e a instituição da eucaristia são sinais do mesmo amor sem fronteiras de Cristo.no Cenáculo, durante a Ceia Pascal, Jesus como Mestre e Senhor, despoja-se do manto, pega uma bacia e põe-se a lavar os pés dos discípulos. Oferecer água para lavar os pés era sinal de hospitalidade e acolhida. Na ação de Jesus, revela-se o rosto solidário e amoroso do Pai. O lava-pés é um gesto profético, que antecipa o sentido da cruz: a entrega de Jesus por amor até o fim. Todos somos convidados a participar desse gesto de Cristo... Senhor do lava-pés, eu te peço: Tome novamente o jarro de água e a bacia. Repita aquilo que fizeste, há 20 séculos; sai de tua mesa e vem lavar os nossos pés... Deixar-se lavar por Jesus significa comungar com seu projeto de amor, que o levou a entregar a sua vida pela nossa salvação. Vem, Senhor, lavar os nossos pés para que possamos nos sentar para sempre em tua mesa, no eterno convívio da alegria e do amor. A operação lava-pés não deve parar apenas em palavras bonitas, mas em gestos concretos a serviço dos irmãos, o gesto de lavar agora os pés de 12 pessoas de nossas comunidades, deveria nos animar a iniciar também em nossa vida a operação lava-pés...
padre Antônio Geraldo Dalla Costa


A festa mais importante dos judeus era a Páscoa, que comemorava a passagem da escravidão no Egito para a liberdade na Terra Prometida e a revelação de Deus no Sinai. Celebrava-se, não no Templo nem nas sinagogas, mas em cada casa, no contexto de uma ceia presidida pelo chefe de família. Os discípulos, que se consideram uma família, perguntam a Jesus onde é que Ele quer fazer a festa. (Mt. 26,17-19).
Jesus advinha que o Sinédrio resolveu prendê-lo e condená-lo à morte. Manda preparar a ceia em casa de um seu conhecido, na véspera ou na antevéspera, da data oficial. (A data oficial era a noite de sexta para sábado, mas certos grupos tinham o costume de a antecipar. A escolha de Jesus não parecia pois demasiado insólita). De resto, no pensamento de Jesus, esta ceia transcende a festa dos judeus. Será a Ceia da Nova Aliança, a Ceia da sua despedida, a Ceia da sua presença.
Os discípulos estavam habituados a sentar-se à mesa com Jesus. Conheciam o seu gesto de abençoar o pão e o vinho da refeição. (Será nesse gesto que os discípulos de Emaús o irão reconhecer). Mas, nessa tarde, Ele acrescentou um elemento novo.
“Antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai, Ele, que tinha amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. (…). Decorria a Ceia. Jesus, sabendo que o Pai tudo pusera nas suas mãos, que saíra de Deus e para Deus voltava, levantou-se da mesa, tirou o manto, (…) e começou a lavar os pés aos discípulos. (…). Depois de lhes ter lavado os pés e de ter posto o manto, voltou a sentar-se à mesa e disse-lhes: «Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou. Ora se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. (…) Uma vez que sabeis isto, felizes de vós, se o puserdes em prática»” (Jo 13,1-17). O Antigo Testamento exigia que o homem se purificasse antes de se dirigir a Deus, S. Paulo vai recomendar ao cristão que se examine a si próprio antes de comungar (1Cor. 11,28). Neste gesto do lava-pés, o Senhor ensina-nos que a purificação começa com a disposição de “lavar os pés” aos irmãos.
Os judeus acreditavam que Deus tinha firmado com o seu povo uma Aliança, inaugurada com a vocação de Abraão e confirmada no Sinai. Aguardavam o Messias, que levaria a Aliança à perfeição. O Pai envia como Messias o seu próprio Filho, Jesus. Mas os judeus não o aceitam. E Ele inaugura a Nova Aliança, firmada no Sangue da cruz, aberta a todos os homens e nações. “Este cálice é a Nova Aliança no meu Sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de Mim”. (1Cor. 11,25. cf. Mt. 26,26-29; Mc. 14,12-16; Lc. 22,7-13).
Muitas civilizações tinham oferecido a Deus sacrifícios. O sacrifício era um dom simbólico, a exprimir a nossa gratidão e obediência. A vinda de Cristo vem abolir esses sacrifícios. Ele próprio é o dom real e definitivo. O dom de Cristo (a epístola aos Hebreus volta a chamar-lhe sacrifício, Hb. 5,1-10; 9,11-26) é o seu amor até ao fim, até ao extremo da cruz.
A Eucaristia será mais do que um simples cear na presença de Jesus. É comunhão com Ele, no seu Corpo e Sangue, o Corpo que vai sofrer, o Sangue que vai ser derramado na cruz. Será, por isso, participação real na sua vida, na sua morte, na sua ressurreição. São Paulo vai escrever: “Sempre que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha” (1Cor. 11,26).
Era a despedida: “Eu vos digo que não mais a comerei até que ela se realize no reino de Deus” (Lc. 22,16). Era a presença, conosco, para sempre. Só acessível à fé.
padre João Resina


“Jesus nosso alimento”
1. Evocamos, nesta celebração, a última Ceia do Senhor. Tradicionalmente, baseando-nos na cronologia sugerida pelos Evangelhos sinópticos, coincidiu com a Ceia Pascal do ritual judaico, a grande celebração da Páscoa judaica. São João sugere outro encadeamento dos acontecimentos. Jesus tem consciência da proximidade da sua morte, sabe que já não celebrará a Páscoa desse ano e por isso se antecipa, comendo uma última refeição com os seus discípulos, uma “última Ceia”, a que imprime toda a densidade do que está a viver, o sentido da sua morte que se aproxima, o dom da sua vida, a certeza da ressurreição, porque sabe que o Pai não O abandonará. Aquela sua “última Ceia” é pascal, não porque é a Páscoa judaica, mas porque Ele celebra nela a sua Páscoa, a nova Páscoa. Aí, a sua vida oferecida torna-se decisiva para a vida dos homens. Seria pouco provável que o processo e a condenação de Jesus acontecessem durante a festa da Páscoa judaica, nesse ano, celebrada, segundo o calendário lunar, desde o pôr do sol de sexta-feira até ao pôr do sol de sábado. São Marcos, referindo-se à decisão das autoridades de se apoderarem de Jesus, põe na sua boca: “durante a festa não, para que o Povo não se revolte” (Mc. 14,2). E São João, narrando o processo de Jesus, diz que as autoridades se recusaram a entrar no pretório de Pilatos “para não se contaminarem e poderem celebrar a Páscoa” (Jo. 18,28).
Jesus morreu antes de começar a Páscoa judaica, portanto antes do pôr do sol de sexta-feira. São João confirma isto mesmo, quando narra a sepultura de Jesus: “Por causa da preparação dos judeus, como o túmulo (de José de Arimateia) estava perto, foi lá que depositaram Jesus” (Jo. 19,42). Portanto Jesus morreu ainda durante a preparação judaica para a grande festa, de que fazia parte a imolação dos cordeiros[1]. Naquele ano é imolado um outro cordeiro, Jesus Cristo, o verdadeiro Cordeiro Pascal.
2. Este é o primeiro elemento significativo a indicar-nos que Jesus, na sua Páscoa, se assume como alimento de todos quantos quiserem, com Ele, ratificar a nova Aliança com Deus, e que Ele explicita na Ceia: “Isto é o meu Corpo, tomai e comei” ou, na versão de Paulo, “isto é o meu Corpo, que é para vós”. Ouvimos na primeira Leitura desta celebração, o sentido do cordeiro pascal na Liturgia judaica. É, ao mesmo tempo, alimento e celebração. Alimento, comido à pressa, de quem está para partir, encetar um caminho novo, em ordem à libertação e à terra prometida. É celebração porque o seu sangue, aspergido sobre as portas, é sinal da predileção de Deus pelo seu Povo, poupado no dia da exterminação dos primogênitos. Nenhuma celebração da Páscoa é alimento, se não for, simultaneamente, ação de graças e louvor.
Naquele ano, Jesus é, na totalidade da sua pessoa, o Cordeiro da nova Páscoa, alimento indispensável para todos os que, acreditando n’Ele, se querem pôr a caminho. No ritmo daquela última Ceia, Jesus alia o alimento ao louvor de Deus. As quatro narrativas da instituição da Eucaristia referem que Jesus tomou o Pão, pronunciou a oração de bênção e de agradecimento e depois partiu-o. A “berakha”, a grande oração de agradecimento e bênção da tradição judaica, é traduzida por “eucaristia”. Ao partir e distribuir o Pão, Cristo dá-se a Si mesmo como alimento de quem o quer seguir e agradece a Deus o fato de não O abandonar, mas de O ressuscitar dos mortos. Como afirma Bento XVI, “as palavras da instituição situam-se neste contexto de oração; nelas, o agradecimento torna-se bênção e transformação”[2]. A Eucaristia é bênção, isto é, força para a caminhada e louvor pela certeza da fidelidade de Deus à nova Aliança com o seu Povo.
Depois da oração de bênção, Jesus partiu o Pão. Partir, para distribuir, para partilhar. É o gesto do pai de família. Este pão partilhado gera comunhão. No caso da Eucaristia, relativizou-se a função deste Pão como alimento do corpo, para valorizar o fortalecimento desta experiência de comunhão, com o Senhor e com os irmãos. Bento XVI comenta: “Este gesto humano primordial de dar, de partilhar e unir, adquire, na última Ceia de Jesus, uma profundidade inteiramente nova: Ele dá-se a Si mesmo. A bondade de Deus, que se manifesta na distribuição, torna-se totalmente radical no momento em que o Filho, no Pão, se comunica e distribui a Si mesmo” [3].
3. O pão, alimento básico do homem, tem uma grande força simbólica. Já no Antigo Testamento, durante a travessia do deserto, em que, se Deus não o alimentasse, o Povo morreria à fome, surge o Pão vindo do Céu: “Deus disse a Moisés: vou fazer chover Pão do alto dos Céus” (Ex. 16,4). Na disputa com os fariseus, depois da multiplicação dos pães, Jesus anuncia que o verdadeiro Pão que alimenta para a vida eterna é Ele próprio: “Eu sou o Pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto e morreram; este Pão é o que desce do Céu, para que O comamos e não morramos. Eu sou o Pão vivo descido do Céu. Quem comer deste Pão viverá para sempre” (Jo. 6,49-51). Naquela sua Páscoa, a vida que Jesus anuncia e quer comunicar, é a sua vida de ressuscitado. Cristo-Pão é garantia para sempre. A sua ressurreição será a maior prova de amor de Deus, seu Pai, para com o seu Filho feito Homem. Jesus ao partir e distribuir o Pão, partilha o que de mais precioso Ele vai receber de seu Pai. No deserto, Deus, ao alimentar o seu povo peregrino, dá-lhe pão e carne, ambos descidos do Céu (cf. Ex. 16,8). Neste novo Pão, que é Cristo, Ele é pão e carne, isto é, o alimento completo para a caminhada: “O Pão que Eu vos der é a minha Carne para a vida do mundo” (Jo. 6,51). Naquela Ceia, Jesus sabe que só Ele é o alimento que convém. Quem quiser caminhar, na fidelidade à nova Aliança, de que o seu Sangue derramado é o sinal, tem de ter Cristo como alimento. “Isto é o meu Corpo, tomai e comei”; “isto é o meu Corpo, que é para vós”. O alimento de que precisamos é a força da comunhão.
4. Neste gesto e nestas palavras da sua última Ceia, Jesus assume que toda a sua Pessoa é um ser para nós, para que nós, fortalecidos pelo alimento que Ele é, sejamos seres para Ele. Ouçamos Bento XVI: “Toda a sua índole é qualificada com a expressão «pró-existência», um existir não para Si mesmo, mas para os outros; e isto não apenas como uma dimensão qualquer desta existência, mas como aquilo que constitui o seu aspeto mais íntimo e abrangente. O seu ser como tal é um «ser para». Se conseguirmos entender isto, ter-nos-emos então aproximado verdadeiramente do mistério de Jesus, saberemos então também o que significa seguimento” [4].
5. A experiência cristã confirmará esta força da Eucaristia como alimento? Conhecem-se, na História da Igreja, casos extraordinários de pessoas que se alimentaram, durante um tempo, só da Eucaristia que, nesses casos, foi também pão para o corpo. São casos excepcionais cujo sentido é sublinhar realisticamente que Cristo Eucarístico é mesmo alimento. Mas não é a fome do corpo que a Eucaristia sacia. É o desejo de fazer da Páscoa de Jesus a nossa Páscoa, de O conhecermos, de O amarmos, de experimentarmos na comunhão com Ele a alegria da vida eterna. Que o digam aqueles que encontraram na Eucaristia a força que os levou a dar sentido novo à vida, a dar sentido ao sofrimento, a vencer tentações e a ser fiel em situações difíceis; que na Eucaristia aprenderam a amar o Senhor.
d. José Policarpo
NOTAS
1 Para a cronologia da Páscoa de Jesus, ver Bento XVI, Jesus de Nazaré, vol. II, pp. 94ss 2 Ibidem, p. 110
2 - Ibidem, p. 110
3 Ibidem, p. 111 4
4 Ibidem, p. 115



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