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domingo, 26 de julho de 2015

A morte de João Batista-Dehonianos

01/08/2015

Tempo Comum - Anos Ímpares - XVII Semana - Sábado
Lectio
Primeira leitura: Jeremias 26, 11-16.24
Naqueles dias, 1o Senhor falou a Moisés, no monte Sinai, nestes termos: 8«Contarás sete semanas de anos, isto é, sete vezes sete anos; de forma que a duração de estas sete semanas de anos corresponderá a quarenta e nove anos. 9Depois, farás ressoar fortemente a trombeta, no décimo dia do sétimo mês. No dia do grande Perdão, fareis ressoar o som da trombeta através de toda a vossa terra. 10Santificareis o quinquagésimo ano, proclamando na vossa terra a liberdade de todos os que a habitam. Este ano será para vós um Jubileu; cada um de vós voltará à sua propriedade, e à sua família. 11O quinquagésimo ano é o ano do Jubileu: não semeareis, não colhereis do que cresce espontaneamente, nem vindimareis as vinhas que não foram podadas. 12Porque é o Jubileu, deve ser uma coisa santa para vós e comereis o produto dos campos. 13Neste Jubileu, cada um de vós recobrará a sua propriedade. 14Quando fizeres uma venda ao teu próximo, ou se comprares alguma coisa, não vos prejudiqueis um ao outro. 15Farás essa compra ao próximo, tendo em conta os anos decorridos depois do Jubileu, e ele fará essa venda tendo em conta os anos das colheitas. 16Conforme os anos forem mais ou menos numerosos, assim tu pagarás mais ou menos pelo que adquirires, porque é um número de colheitas que ele te vende. 17Não vos prejudiqueis uns aos outros. Teme o teu Deus, porque Eu sou o Senhor, vosso Deus.»
A “Lei de santidade”, além das festas, elenca as normas de ordem social para os anos santos, seja o ano sabático todos os sete anos (uma semana de anos), seja o ano jubilar todos os cinquenta anos (sete semanas de anos), valorizando assim a santidade do dia de sábado e o esquema septenário da semana. Sob esta estrutura económico-social, descobrem-se elementos teológicos que realçam o desenvolvimento da revelação divina. Ao conceito de Deus criador e senhor da história e do mundo, ligam-se os temas do resgate e da remissão das dívidas.
O ano jubilar, que tem carácter social, mas com fundamento religioso, amadureceu na experiência positiva do ano sabático. Fala-se dele neste texto e em Nm 36, 4 e em Ez 46, 17. O fundamento religioso destas leis sociais encontra-se na concepção hebraica segundo a qual os bens do mundo são iguais para todos: a terra pertence a Deus, que libertou o povo da escravidão do Egipto, os homens são irmãos, e a liberdade da pessoa é um bem inalienável.
Tudo isto se realiza plenamente em Jesus, que liberta a humanidade do mal e concede o perdão dos pecados.

Evangelho: Mateus 14, 1-12
1Naquele tempo, a fama de Jesus chegou aos ouvidos de Herodes, o tetrarca, 2e ele disse aos seus cortesãos: «Esse homem é João Baptista! Ressuscitou dos mortos e, por isso, se manifestam nele tais poderes miraculosos.» 3De facto, Herodes tinha prendido João, algemara-o e metera-o na prisão, por causa de Herodíade, mulher de seu irmão Filipe. 4Porque João dizia-lhe: «Não te é lícito possuí-la.» 5Quisera mesmo dar-lhe a morte, mas teve medo do povo, que o considerava um profeta. 6Ora, quando Herodes festejou o seu aniversário, a filha de Herodíade dançou perante os convidados e agradou a Herodes, 7pelo que ele se comprometeu, sob juramento, a dar-lhe o que ela lhe pedisse. 8Induzida pela mãe, respondeu: «Dá-me, aqui num prato, a cabeça de João Baptista.» 9O rei ficou triste, mas, devido ao juramento e aos convidados, ordenou que lha trouxessem 10e mandou decapitar João Baptista na prisão. 11Trouxeram, num prato, a cabeça de João e deram-na à jovem, que a levou à sua mãe. 12Os discípulos de João vieram buscar o corpo e sepultaram-no; depois, foram dar a notícia a Jesus.
O relato de Mateus sobre o martírio de João Baptista, mais sóbrio que o de Marcos (6, 14), baseia-se na história, pois se trata de um acontecimento datado no tempo de Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande, a quem os romanos reconheceram jurisdição sobre a Galileia e a Pereia, no norte da Palestina.
A decapitação do Baptista é motivada pela sua intransigência moral e pela sua forte personalidade. O profeta não se amedrontava diante de nada nem de ninguém, quando se tratava de denunciar a imoralidade. Não se amedrontou sequer diante de Herodes, que tendo repudiado a consorte, tomou por esposa a mulher de seu irmão. Herodes continha a sua vontade de vingança, porque temia uma rebelião popular. Mas Herodíades não se preocupava com isso. Assim, quando Herodes jurou dar à filha de Herodíades o que quer que lhe pedisse, a adúltera não hesitou em sugerir a cabeça de João (vv. 6-11). E obteve-a! Com o seu martírio, João Baptista terminou a missão de precursor. E Jesus compreendeu que era chamado a percorrer o mesmo caminho.

Meditatio
A primeira leitura, com a instituição do jubileu, por meio do qual Deus põe limite à escravidão, à expropriação e aos trabalhos pesados dos campos, realça a intenção de Deus em libertar e redimir os escravos e os oprimidos da sociedade. Séculos depois, em Nazaré, Jesus lê o texto de Isaías em que se anuncia e proclama um ano de remissão, um ano de jubileu (cf. Lc 4, 16,19). Deus não quer prender, nem manter prisioneiro quem quer que seja: «O espírito do Senhor Deus está sobre mim,porque o Senhor me ungiu: enviou-me para levar a boa-nova aos que sofrem, para curar os desesperados, para anunciar a libertação aos exilados e a liberdade aos prisioneiros; para proclamar um ano da graça do Senhor» (Is 61, 1-2a). Deus quer a remissão: a remissão das dívidas, e a remissão dos pecados.
O pecado, que até pode parecer um acto de libertação da lei de Deus, lança-nos na mais dura escravidão. Jesus disse-o claramente: «aquele que comete o pecado é servo do pecado» (Jo 8, 34), e comete pecados cada vez mais graves. Foi o que sucedeu com Herodes: começou por prender João Baptista e chegou a mandá-lo matar, pois era escravo de um juramento feito publicamente, e era sobretudo escravo do seu pecado.
Deus quer libertar-nos, quer-nos livres. Que alegria nos dá esta certeza! Deus quer tirar da opressão as pessoas e as próprias coisas. Daí a lei do repouso jubilar da terra. A Igreja inspirou-se nesta lei do Levítico para instituir o Jubileu, que é um ano de remissão, um ano de graça, em que oferece a possibilidade de obter a remissão da pena merecida com o pecado. Para isso, propõe-nos um contacto mais fácil com o Senhor, convida-nos a aproximar-nos dele, com a certeza de que somos libertados e recebemos nova coragem para cumprir cada vez melhor o bem a que somos chamados.

Oratio
Senhor Jesus, dá-nos tranquilidade diante do imenso campo de trabalho que nos espera. Faz-nos compreender e assumir a espiritualidade do jubileu, para defendermos a vida e a dignidade dos nossos irmãos e irmãs, sem qualquer excepção. Torna-nos solidários com os teus pobres, com aqueles cujo sangue não é julgado precioso pelos tiranos e cobardes deste mundo, mas que é precioso aos teus olhos. Dá-nos a coragem de João Baptista para denunciarmos os abusos dos poderosos. Dá-nos a coragem da caridade na verdade, ainda que isso nos venha a custar caro, como custou a João Baptista, como custou a Ti. Amen.

Contemplatio
O Coração de Jesus é o lugar do nosso doce repouso. Desde os Padres da Igreja que a tradição interpreta neste sentido o nosso texto do Cântico dos Cânticos. Santo Agostinho diz no seu Manual (c. 2): «Longuinhos abriu-me com a sua lança o lado de Jesus, e eu entrei e repouso lá em segurança». – S. Bernardo tem páginas deliciosas no seu tratado da Paixão (c. 3): «O vosso coração foi ferido, diz a Nosso Senhor, para que eu possa nele e em vós habitar… como é bom habitar neste coração!...». S. Boaventura dizia: «Penetrando nas chagas de Jesus, chego até ao fundo do seu amor… entremos lá todo inteiros, aí encontraremos o nosso repouso e uma inefável doçura» (Stim. Div. Amoris, c.1). Nosso Senhor dizia a Santa Matilde: «Dar-te-ei o meu coração como um lugar de refúgio». S. Francisco de Sales escrevia a uma visitandina (Carta 64): «Não sei onde estareis nesta Quaresma segundo o corpo; segundo o espírito, espero que estareis na caverna da rola e no lado ferido de Nosso Senhor; quero esforçar-me por estar lá muitas vezes convosco; Deus, pela sua soberana bondade, nos faça essa graça!... Como este Senhor é bom, minha muito querida filha, como o seu coração é amável! Permaneçamos lá neste santo domicílio!» O P. Cláudio de la Colombière tem por tanto razão ao dizer que o Coração de Jesus é o retiro de todas as almas santas. (Leão Dehon, OSP 3, p. 676).

Actio

Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Enviou-me a proclamar um ano da graça do Senhor» (Is 61, 1-2a).

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