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quinta-feira, 9 de julho de 2015

Ele os enviou de dois em dois-Claretianos

Domingo, 12 de Julho de 2015
Décimo Quinto Domingo do Tempo Comum
João Gualberto, Filomena
Amós 7,12-15: Vai e profetiza ao meu povo
Salmo 84: Mostra-nos, Senhor, tua misericórdia e dá-nos tua salvação
Efésios 1,3-10: Ele nos escolheu em Cristo, antes da criação do mundo
Marcos 6,7-13: Ele os enviou de dois em dois.
7 Então chamou os Doze e começou a enviá-los, dois a dois; e deu-lhes poder sobre os espíritos imundos. 8 Ordenou-lhes que não levassem coisa alguma para o caminho, senão somente um bordão; nem pão, nem mochila, nem dinheiro no cinto; 9 como calçado, unicamente sandálias, e que se não revestissem de duas túnicas. 10 E disse-lhes: Em qualquer casa em que entrardes, ficai nela, até vos retirardes dali. 11 Se em algum lugar não vos receberem nem vos escutarem, saí dali e sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra ele. 12 Eles partiram e pregaram a penitência. 13 Expeliam numerosos demônios, ungiam com óleo a muitos enfermos e os curavam.
COMENTÁRIO
Amós 7, 12-15:Conflito em Betel com os sacerdotes de Amasias. O santuário de Betel tinha também seu significado político para o Reino do Norte. Por isso o sacerdote Amasias tem que cuidar do seu posto defendendo os interesses do rei. Amós, no início de sua missão profética, encontra rejeição da parte da estrutura religiosa, isto lhe assegura problemas e dificuldades, porém está disposto a enfrenta-los. Vive do que faz, sua vida não depende de sua ação profética, daí que pode agir com liberdade, tanto diante da estrutura religiosa como frente à estrutura política. Javé mesmo lhe pediu que fosse profetizar em Betel, assim Amasias vai ter que escutá-lo ainda que incomodado e ainda que ele não seja do Reino do Norte.
O papel político e “ideológico” (justificativo) que toda religião exerce, em um sentido ou em outro, no contexto sociológico em que se move, é já uma descoberta da consciência moderna que a ninguém escapa. Já ninguém é tão ingênuo para pretender que seu discurso ou sua prática religiosa não tenham nenhuma referência social, política ou econômica. O apoliticismo da religião é simplesmente impossível, ilusório ou ingênuo. A religião faz política de alguma maneira, inevitavelmente, como Jesus assumiu definidamente sua postura social e política frente à realidade do momento. Não se trata de negas as implicações sociais e políticas de nossa prática cristã: o que é necessário é que essa política seja secundum Marcum, secundum Matheum, secundum Lucam, ou seja “segundo o evangelho”. É o evangelho mesmo que nos obriga a fazer política. Porém, não uma política segundo os interesses do rei, ou os interesses dos poderosos, ou os interesses do sistema, ou nossos próprios interesses, mas segundo o interesse do amor, da fraternidade, da justiça, da opção pelos pobres, da Utopia (do Reino do outro mundo possível do evangelho).
Sem considerar os casos individuais locais (cada tempo, cada comunidade cristã...) que papel ideológico-político o cristianismo exerce frente ao capitalismo ocidental e seu sistema explorador? A visão de “outros” pode ajudar-nos: o mundo muçulmano, por exemplo, olha o sistema econômico ocidental como capitalista, explorador, invasor, imperialisticamente globalizador, fora de todo direito internacional e sem o mínimo respeito à convivência entre os povos, e como “o sistema cristão”, o dos atuais “cruzados”... Para muitos pensadores muçulmanos, o cristianismo é o sistema religioso ideológico justificador do capitalismo mundial. O cristianismo como conjunto realiza política e economia e não precisamente “segundo o evangelho”.
Por sua parte, os movimentos populares emancipatórios, a esquerda mundial, sabe que exceto a gloriosa exceção da teologia da libertação e suas comunidades eclesiais e seus mártires, na grande maioria dos casos o cristianismo justificou e se identificou com a direita, o capital, o patriarcalismo, a “ordem”, o poder... como sucessor do império romano. O contrário tem sido e continua sendo minoritário e excepcional dentro do cristianismo. Vinte séculos de história estão aí para demonstrá-lo. O cristianismo como conjunto é um “santuário de Betel”, no qual Amasias tem como ponto de referência o Rei e Amós não é acolhido nele. Amós, que não era sacerdote, que nem sequer era “profeta profissional”, é a personificação dos cristãos individuais e grupos de base de coração simples que sentem a exigência da justiça de Javé e denunciam a cumplicidade do Santuário. Os representados aqui por Amós não são somente os teólogos críticos, nem os bispos proféticos, mas todos os cristãos de coração limpo de interesses e sensíveis às exigências do Evangelho.
Efésios, 3, 1-14: O mistério que não foi dado a conhecer em tempos passados...
Para Paulo é claro que não somente os judeus mas também os gentios estão agora em Cristo e participam da bênção de Deus que tem lugar também em Cristo. A grande dificuldade no começo da Igreja foi aceitar os gentios. Paulo se esforça no louvor de bênção a Deus por mostrar que quem se batiza participa também da eleição, da graça ou remissão dos peados e da iniciação no mistério de Deus. Os membros da Igreja somos, segundo o apóstolo, os que recebemos a bênção: eleitos desde sempre e antes de todas as coisas, eleitos e destinados por Cristo para a condição santa de filhos e para que cheguemos à plenitude de nosso ser e nos transformemos em imagens de seu Filho, graças à ação do Espírito e à graça que no Amado recebemos o perdão dos pecados mediante o sangue de Cristo, eleitos para que mediante a sabedoria e a prudência que procedem do mesmo Espírito penetremos no mistério de Deus. No mistério da vontade de Deus, de seu propósito e realização em Cristo, estamos incluídos também nós cristãos procedentes, tanto do judaísmo como da gentilidade, porque nele está definida nossa essência, nele experimentamos o perdão dos pecados. Paulo sente que esta realidade terrena tem que evoluir, que o plano de Deus é recapitular todas as coisas em Cristo e que os cristãos não devemos permanecer à margem das transformações sociais. Fomos marcados por Cristo com o Espírito Santo  para sermos sensíveis à ação transformadora de Deus, ação que tampouco é exclusiva dos cristãos. O compromisso do cristão é fazer que este mundo de injustiça se transforme em uma sociedade de irmãos, pois se supõe que entendamos qual é a vontade e o plano de Deus a respeito da humanidade e do cosmos. Esta tarefa não é fácil, porque não vivemos isolados dos demais e porque o mal tem sido institucionalizado pelo ser humano.
Marcos 6,7-13:Jesus envia os doze.
Começa uma nova etapa no processo de seguimento, a etapa da missão. Agora corresponde aos doze proclamar o que viram e ouviram. Jesus está consciente de que terão que enfrentar o mal e todas as suas dimensões, por isso lhes dá poder junto com algumas recomendações, indicando que é necessário um certo estilo de pobreza, ter capacidade para acomodar-se às circunstâncias e saber que vão ser aceitos ou rejeitados. A proclamação da Boa Nova deve ser feita em liberdade, a ninguém se pode obrigar a aceita-la. Jesus está falando a partir de sua própria vida e da sua prática pastoral.
Todos os começos têm suas dificuldades, assim o vemos também na experiência de Amós, porém, a esperança e a alegria dominam, pois se tem a motivação de levar adiante um projeto. Jesus adverte os discípulos a respeito das coisas, para que nada os tome de surpresa. Contudo, a experiência para cada evangelizador será sempre diferente e às vezes onde cremos que haver sucesso, nada conseguimos. Quem evangeliza deve ter presente que é Deus quem faz surgir o fruto, porém também deve dispor-se para que a mensagem transmitida motive, inquiete e seja mais crível.
Jesus sabe o que espera os Doze. Envia-os de dois em dois. A companhia é apoio, força e motivação para cumprir melhor a missão e para resistir às dificuldades. A tarefa a ser realizada é de libertação, porém estão capacitados para realizá-la? No final, o texto diz como os discípulos expulsaram muitos demônios e curaram muitos enfermos. Dessa forma os Doze vão adquirindo autonomia e confiança em si mesmos, dão-se conta de que são capazes de realizar as mesmas ações de Jesus.
O que é enviado sabe que deve permanecer no lugar até que cumpra sua missão, assim o vemos em Amós e nas indicações que Jesus dá aos Doze. O enviado não vai em nome pessoal, mas em nome de quem o enviou. Além disso Jesus conta com a boa vontade de muitos homens e mulheres que são solidários, que abrem a porta de sua casa para partilhar, daí que se atreva a dizer-lhes que fiquem na cada onde entrem até que chegue a hora de ir para outro lugar. Porém, também lhes diz que onde não sejam recebidos nem os escutem, ao sair sacudam o pó das sandálias. O gesto de sacudir o pó dos pés era feito publicamente e expressava condenação e separação. Este gesto pode ser sido como sinal de intolerância da parte do evangelizador que não suporta a rejeição e o fato de não ser recebido. Não se pode obrigar o outro a receber a Boa Nova, também os demais têm direito de sentir, de manifestar que não estão de acordo com o evangelizador, e este deve ter uma atitude de tolerância e compreensão, e esperar uma nova oportunidade.
Contrariamente ao que foi a prática de Jesus, o anúncio do evangelho, na maioria dos casos e dos tempos, foi imposto aos demais, algumas vezes de forma violenta empregando a força do poder ou das armas, algumas vezes com as leis ou com a pressão social ou a pressão psicológica, manipulando o medo pela ameaça e pela condenação. Também exercemos uma certa violência quando insistimos no costume de batizar as crianças em vez de arriscar-nos a que sejam elas a escolher ser cristãs livremente quando adultas.
Entre as grandes religiões, o cristianismo pelo menos tem uma história que desacredita muito a supremacia numérica mundial da qual tanto se orgulha. Sua grande magnitude quantitativa deixa muito a desejar e suscita muitas dúvidas sobre seu futuro em um modo cada vez menos susceptível de coerção religiosa. Pode-se projetar um futuro, que já é presente em regiões de velha cristandade, de diminuição e abandono, uma situação que não deveria ser interpretada catastroficamente, mas como a oportunidade de recuperar a qualidade sacrificada em favor da quantidade.
Jesus diz a seus enviados: se a mensagem é rejeitada, sacudam o pó de seus pés e retirem-se. Porém, que que ninguém seja obrigado a aceitar a mensagem. É mais coerente com a “política de Deus” ser menos em número, por ser zelosamente respeitosos da liberdade religiosa, que ser mais quantitativamente e baixar o nível da qualidade evangélica dos métodos de evangelização.
Oração: Senhor,nosso Deus e nosso Pai, que continuamente nos chamas a anunciar a todos o teu reino, vivendo a utopia de justiça em fraternidade; ajuda-nos a caminhar pela vida anunciando a todos a Boa Notícia do teu amor maternal e paternal e nossa condição de filhos teus destinados à vida plena. Isto te pedimos por Jesus Cristo nossa Senhor. Amém.



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