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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Comentários Prof.Fernando

Comentários Prof.Fernando*            
32ºdomingo (tempo Comum) – 8 de novembro de 2015

UM RETRATO DA FRAGILIDADE HUMANA
·                    Muito usada na literatura bíblica a figura de uma mulher viúva era o retrato bem conhecido pelo povo hebreu e pelo judaísmo como o típico exemplo de pobreza e carência. Numa sociedade patriarcal estamos longe da mentalidade (moderna) de direitos humanos, do valor do Indivíduo e do reconhecimento jurídico da igualdade entre mulheres e homens. Se houve progresso na teoria social, entre nós também continua havendo um retrato semelhante dos direitos menosprezados, sobretudo das mulheres que estão na condição de pobre, negra e favelada. No caso do Povo Escolhido (Israel), muitos séculos antes da Declaração dos Direitos Humanos de 1948, ele tinha a sua Toráh (o termo, em geral, indica “a Lei” ou os 5 primeiros livros da Bíblia; originalmente significa a “Instrução” ou o direcionamento dado por Deus para as pessoas “acertarem o alvo” da vida, a começar pelo conhecimento de Deus, que é Santo, e de sua ação no mundo). Os profetas insistiam nesta orientação da Toráh. Amparar as viúvas e órfãos, era, afinal, uma das marcas que distinguiam o Povo Escolhido, diferente das nações vizinhas. A “Constituição” dos judeus corrigia a tendência espontânea (ou sociológica) da estrutura político-econômica em que mulheres e crianças – sem o homem, chefe da família, marido ou pai – acabaria no abandono. Tal proteção aos “órfãos e viúvas” era compreendida como a vontade do Senhor que tinha especial carinho pelos mais frágeis na estrutura social.
·                    Por isso o Mestre de Nazaré usava com frequência a figura típica da “Viúva” ou mulher desamparada em palavras (parábolas) e gestos (curas). Como os profetas ele queria a realização e aperfeiçoamento da Toráh (cf. Mateus 5,17). Ele tem compaixão da “viúva de Naim” e devolve à vida seu único filho; e ele conta a parábola da viúva insistente, reclamando justiça. severante por justiça (cf. Lucas 7 e 18). Ele faz da viúva o exemplo de quem aceita o Reino. Mais: ele critica a exploração das viúvas, típica dos escribas e de outros poderosos da sociedade de seu tempo. Como no episódio que hoje se lê em Marcos 12, 38ss.

UM RETRATO DA BENEVOLÊNCIA DIVINA
·                    A primeira leitura de hoje, tirada do 1º Livro dos Reis (17,10-16) fala da “viúva da cidade de Sarepta” – já disposta a aceitar a morte para si e seu filho, pela miséria da fome – que. No entanto, transforma-se, de frágil e carente, e encontra poder e recursos para sustentar Elias, o primeiro de todos os Profetas. Esta “viúva de Sarepta”, é como a que Jesus viu colocar duas moedinhas no cofre de ofertas do Templo. O Mestre a define protótipo da generosidade que é maior que qualquer outra oferta. O tesouro (“gazofilácio”), localizado no Pátio das Mulheres do Templo, servia de fonte de renda não só para os sacrifícios e sustento dos sacerdotes, mas para ajuda aos necessitados. Dízimos, esmolas ou ofertas destinam-se também a ajudar aos estrangeiros, aos órfãos e viúvas (cf. Deut.13,28).
·                    Aqui está o núcleo da reflexão do Mestre: a pobre viúva contribuiu mais do que aqueles que lançaram muito dinheiro no cofre. Ela doou – não das sobras, como outros –, mas o que oferece veio da sua pobreza e carência. Ela deu sua vida (seus bens, o próprio sustento). O gesto da misericórdia é maior até do que qualquer oferta, como lemos no profeta Oseias: “quero a misericórdia e não sacrifícios, o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos” (cap. 6,6, verso lembrado pelo próprio Jesus em Mateus 12, 7).
·                    Eis o paradoxo: tirar da própria pobreza e dar tudo (ou toda sua vida). O que nos lembra Paulo (aos filipenses 2,7), falando da encarnação de Deus na história humana: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus que, sendo de condição divina, não pensou ficar agarrado ao ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo fazendo-se semelhante aos homens, e sendo reconhecido na forma humana, humilhou-se ainda mais, obediente até a morte, e morte de cruz”.

UM RETRATO DE DEUS – EUROPA E BRASÍLIA
·                    A figura da “Viúva” é em primeiro lugar a imagem do próprio Deus que, se faz pobre em seu Filho e – “esvaziado” de si mesmo – é capaz de se dar totalmente (entregar-se até a morte, dar a própria vida). Infelizmente vemos em países europeus os que se comportam como os escribas, afastando-se da solidariedade com (já um milhão) de refugiados, “órfãos e viúvas”. Infelizmente, entre lutas mesquinhas de poder em Brasília, assistimos, estarrecidos, à proposta de certos “representantes do povo” para “anistiar” a corrupção (aproveitando a lei de “repatriação” de capital para diminuir o rombo fiscal). O título da proposta vai transfomar-se em “Legalização da lavagem de dinheiro sujo do tráfico e das propinas” ? Poderíamos fazer hoje do salmo do dia (145)146 nossa oração sobre nossa realidade atual: O Senhor protege os estrangeiros, sustenta o órfão e a viúva, e transforma os maus.
·                    Ao contrário dos países ricos e fechados, vemos o Cristo como aquela Viúva, capaz de não guardar nada para si doando todas as suas moedinhas. Cristo é Deus que se entrega ao ser humano e sua história. Ao contrário do cinismo de muitos políticos, assistimos à proposta de Deus para que o ser humano chegue a ser como ele, “divino” (divinizado por sua ação).
·                    No tempo-espaço do mundo e da história, ser como ele é ser como aquela pobre viúva.


ooooooooo ( * ) Prof.(Edu/Teo/Fil,1975-2012) fesomor2@gmail.com

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