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domingo, 24 de janeiro de 2016

Comentários Prof.Fernando

Comentários Prof.Fernando*            
3ºdom do Tempo comum (após epifania) 24 janeiro 2015
Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós
(Imperatriz Leopoldinense: samba-enredo de 1989,
falando sobre a abolição da escravatura)

·                    Libertar, livrar, soltar, desprender, desobstruir, alforriar, aliviar, liberar, isentar, eximir, desonerar, salvar, emancipar, desembaraçar, desafogar... Alguns sinônimos para o desejo mais profundo do ser humano. Em nome da liberdade se vive, fazem-se revoluções e guerras e até enganam-se as pessoas (especialmente nas nossas velhas e boas democracias). Se examinarmos a etimologia de livre (e seus correspondentes nas línguas afins ou na sua versão anglo-saxônica de free e suas linguas afins) vamos descobrir suas origens ligadas ao amor – ligadas à ideia de fazer o que agrada, a seu bel-prazer, isto é, daquele que tem vontade própria. Na antiga Roma, por ex., líberi significava os escravos alforriados, mas também os filhos na família..

1)   De sete em sete anos
·                   A escravidão era admitida em Israel desde que fosse sobre pessoas oriundas de outras nações (cf. Levítico25, 44-4), nunca no interior do próprio povo por causa da Aliança divina. O Novo Testamento estenderá esta Aliança a todos os povos. Em Levítico lemos neste capítulo 24 as leis do ano jubilar ou sabático que visam reafirmar que o único “dono” da Terra é o Senhor Jahwé. O termo “jubilar” provém de yôbel, que significa a trompa a cujo som se anunciava o ano sabático (alusão em Isaías 61 cujo trecho Jesus escolheu para ler na sinagoga de Nazaré – cf. evangelho lido hoje).
·                   A idéia do descanso ao sétimo dia (cf. criação e os sete dias) está previsto na legislação do Êxodo (cf. 20,8: um dos “10 mandamentos do qual decorre o conceito de “descanso da terra” cultivada -cap.23,10- ao qual Deuteronômico 15 acrescentará o ano sabático do perdão das dívidas. Todas estas medidas visavam garantir a estabilidade daquela sociedade com fundamentos na família e o patrimônio familiar. Na comemoração do ano novo (como na leitura de Neemias de hoje, o ano novo começava sempre no sétimo mês – correspondente aos nossos setembro-outubro), mas a grande expectativa – que corroborava também a esperança do Messias vindouro – consistia na expectativa do ano da “Restituição” embora na Bíblia não conste que alguma vez tenha sido realizada. Era uma utopia. Jesus pretendia realizar a velha utopia e o perdão das dívidas e abertura das portas das prisões seria dela um sinal maravilhoso. Proclamando aquele texto de Isaías como realizando-se nele, Jesus assumia o compromisso de se tornar o servidor de todos, que são pobres e escravos, para livrá-los de todo tipo de prisão.
·                   Não temos como saber o que Jesus tinha exatamente em sua mente e seu coração no momento histórico em que pronunciou aquelas palavras na Sinagoga: sentou-se; e todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Ele começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir”. Mas sabemos, pelo testemunho ocular dos seus discípulos e pelo que foi contado e escrito por vários deles, que o Mestre de Nazaré passou “fazendo o bem” e curava os doentes, consolava os pobres e aflitos, dava a liberdade aos oprimidos por seus demônios. As primeiras gerações de cristãos nterpretaram a figura do “Servo sofredor” (cf. Isaías) como concretizada em Jesus de Nazaré. E a fé cristã se fundamenta na ressurreição daquele que deu a vida sempre fiel aos que amava. A vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus inicia no mundo um tempo novo de liberdade completa pelo dom do Pai à humanidade. A utopia será realizada quando o ser humano estiver livre de tudo aquilo que o oprime. Então se cumprirá toda a lei prevista nos livros do Êxodo, Levítico e Deuteronômio, a realização da esperança anunciada pelos profetas e vivida por Jesus de Nazaré. A boa notícia (=ev-angelho) que ele anunciou já se realiza no hoje de cada um, ainda que de forma incipiente e frágil.

2)   Hoje se cumpre este oráculo
·                   Cada um sabe de quantos pesos desejaria livrar-se. Todos entendem a exclamação que resume esta angústia (Paulo em sua carta “aos romanos”: Quem me libertará deste corpo de morte?). No contexto esta frase não pode ser lida na perspectiva de ideias platônicas ou do dualismo (mazdeísmo, maniqueísmo) em que o “corpo” aprisiona a alma ou onde se postula a “existência” de dois deuses: o bom e o mau. O contexto de Paulo, fala da vida humana na qual estamos sempre imperfeitos e limitados (todos, não só os mais pobres, os deficientes ou doentes). Neste sentido a morte traz uma “libertação” final. Perguntem a David Bowie o que ele sentia ao gravar seu último disco. Ou àquele que tem Alzheimer (se pudesse entender e responder). Ou a alguém que está na cadeia. Ou que não consegue refugiar-se com sua família para além do mar gelado. Ou que ainda não conseguiu emprego. Ou que continua atônito porque sua filha morreu tão jovem num assalto de rua.
·                   É dura a realidade dos seres humanos e suas complicadas sociedades.
·                   A esperança cristã tem, na Fé, a confiança de que haverá uma “redenção” ou resgate pleno da Vida (apesar do nome teológico esquisito de “ressurreição”), embora não dê respostas (no sentido de razões intelectuais e científicas) para todas as perguntas e perplexidades humanas. Um dia, assim como imaginamos que vamos compreender mais sobre estrelas e galáxias e sobre a cura das doenças, assim também teremos luz para compreender nossa vida e a história humana, mesmo que isto se realize além da vita brevis que conhecemos. Haverá um ano sabático além do tempo-espaço, que não dependerá de um ciclo repetitivo de “sete semanas de anos”, mas será eterno. No nível do Filho de Deus que, paradoxalmente, é também um de nós. Um dia ele também frequentou festas de casamento e experimentou suor e lágrimas. Mesmo tendo atravessado estradas e dores, transformou sua cruz em “ressurreição”, reinaugurando a Vida num “Reino” (absolutamente novo para a humanidade) de Liberdade com Justiça.
·                   Por analogia ao Ano Sabático hebraico, a tradição católica propõe também os Anos Jubilares. Resta saber de que lado queremos estar no “ano jubilar da misericórdia”, isto é, se procuramos (no âmbito de nosso alcance) realizar Liberdade e a Justiça, pela Misericórdia.


oooooooooooo ( * ) Prof. (Edu/Teo/Fil,1975-2012) fesomor2@gmail.com

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