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segunda-feira, 3 de abril de 2017

-DOMINGO DE RAMOS-Ano A-José Salviano

Domingo de Ramos da Paixão do Senhor da Quaresma
9 de Abril de 2017
Cor: Vermelho
Evangelho - Mt 26,14-27,66
Domingo de ramos marca o início da Semana Santa, na qual vamos com todo respeito e devoção relembrar o sofrimento, paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. É bom lembrar mais uma vez, que Jesus não morre nesta semana. Portanto, não se explica atitudes piegas de lágrimas e gestos piedosos exagerados.
O mais importante é o final da Semana Santa, que termina no Domingo de Páscoa, onde comemoramos a ressureição de Jesus, e a nossa conversão.  Neste dia, a alegria é dupla. Alegria pelo aniversário da volta de Jesus a vida, e alegria pela nossa volta a vida em abundância, a vida em estado de graça. 
Nesse domingo nós festejamos a entrada triunfal de Jesus na cidade de  Jerusalém montado em uma jumenta.  Episódio que significa a manifestação de sua grandeza, porém com humildade.

O povo aclamou Jesus, reconhecendo a sua divindade. Hoje também existem muitos cristãos pelo mundo  todo que reconhecem Jesus como o Messias, o enviado do Pai ao mundo para salvação da humanidade.

A liturgia de Domingo de Ramos retrata fielmente a sequência da realidade  vivida e sofrida pelo Filho de Deus na Terra.  Ela divide-se em duas partes:
1ª - PROCIÇÃO DE RAMOS - É uma cena de um rei se aproximando  vitoriosamente em uma cidade,  aclamado pelo povo.  Ele não vinha em uma carruagem luxuosa puxada por vários cavalos fogosos, ou em uma limousine...

Mas o carinho daquele povo era de reconhecimento pelos milagres recebidos, era uma recepção calorosa e sincera de pessoas simples  que não tendo nada para dar ao homenageado, dava o seu louvor, e colocaram  tapetes de folhagem  gritando Hosana! Hosana ao rei que se aproxima deles com toda glória, ao mesmo tempo com toda humildade.
2ª  PAIXÃO E MORTE - No Domingo de Ramos, festejamos este fato histórico, de grande alegria, para em seguida, depois da procissão, lembrar outro fato histórico, o da paixão e morte daquele que veio ao mundo para nos fornecer tudo o que precisamos para nos livrar do fogo eterno e um dia desfrutar das maravilhas do Paraíso.

Muitos que viram aquela cena, ficaram admirados com a glória de Jesus, semelhante a um rei quando entrava em Jerusalém. Já outros pensaram que se tratasse de uma brincadeira festiva...

Um grande contraste marca então, a liturgia deste domingo: Na primeira parte, alegria pela glória do Filho de Deus, entre os humildes. Para em seguida, vermos o rosto de Jesus envolto em grande tristeza, por estar sendo humilhado pelos algozes  a mando da elite que o queria ver eliminado.

Na verdade são vários contrastes. Veja:
Guerrico d’Igny nos ajuda meditar na comemoração do domingo dos ramos: “A procissão nos leva a pensar em honras reservadas ao rei; a leitura da paixão mostra os castigos reservados aos ladrões. Num primeiro momento ele é cercado de glória e honra, do outro não tem beleza nem formosura (Is. 53,2). Na procissão ele é a alegria dos homens e glória do povo, do outro lado, o opróbrio dos homens e objeto de desprezo dos homens” (Sl. 22,7). De um lado é aclamado: hosana ao filho de Davi. Bendito o que vem, o rei, em nome do Senhor” (Mc. 11,10); de outro lado é declarado digno de morte e é ridicularizado o que se dizia rei de Israel. Num primeiro momento vai-se ao encontro dele com ramos de palmas. Do outro lado as mesmas mãos machucam seu rosto e o golpeiam com uma cana. Na procissão é cumulado de louvores, na liturgia no templo é coberto de insultos. De um lado as pessoas cobrem a estrada por onde ele passa com vestes e mantos, de outro lado é despojado de suas vestes. Num momento é acolhido em Jerusalém como rei justo e salvador e de outro é expulso de Jerusalém como um criminoso e um impostor. Senta-se sobre um asno, cercado de honra, depois é suspenso no madeiro da cruz, marcado pela flagelação, coberto de chagas, abandonado pelos seus… Se queremos, irmãos, seguir nosso caminho sem vacilar tanto nos momentos felizes como nas adversidades, contemplemos o senhor cercado de honra na procissão dos ramos, coberto de ultrajes e de sofrimentos na paixão… tal mudança de circunstâncias não mudou seus pensamentos….” (Guerrico d’Igny)

Depois da procissão, na leitura e reflexão do segundo Evangelho, nós lembramos a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que se entregou por nós. Aquele deixou que o matassem.  Aquele que morreu em oferenda ao Pai pelo perdão dos nossos pecados.

Iniciamos a homilia pela traição de Judas, aquele que entregou Jesus aos soldados por trinta moedas. Muitos questionam: Mas Jesus não era conhecido de todos, principalmente ao sumo sacerdote, doutores da Lei e escribas? Por que Ele teria de ser entregue, ou identificado por Judas?

Sim. Jesus naquela altura de sua vida, era conhecido por muitos, mas não para  os soldados romanos que  foram prendê-lO. Além disso, a prisão de Jesus aconteceu à noite, e também tanto Jesus como os seus amigos, os apóstolos, se vestiam mais ou menos iguais. Portanto, era necessário que alguém, no caso Judas, mostrasse de alguma forma quem realmente era Jesus, para que não fosse preso o homem errado. Não que os judeus estivessem preocupados em não matar outra pessoa inocente, mas sim, porque eles estavam obcecados e determinados a prender Jesus e não outro.

E dessa forma, foi entregue um inocente para ser condenado a morte de cruz.  Hoje também muitos inocentes são presos por engano, ou são mortos confundidos com outros que praticaram alguma atrocidade, ou que não cumpriram os regulamentos do crime organizado.

Antes de sua morte, Jesus e seus apóstolos comemoraram a Páscoa, e nesse encontro Jesus inventou: A missa, a Eucaristia e  o sacerdócio.

A MISSA, porque aquele jantar foi a primeira missa realizada na Terra, e que é repetida em todos os altares do mundo inteiro diariamente, pelos sacerdotes e cristãos católicos.

A EUCARISTIA, porque Jesus tomando o pão e abençoando-o, disse: “Isto é o meu corpo...”

O  SACERDÓCIO, porque Ele disse: “Fazei isso em memória de mim...”  Dando o poder aos apóstolos, de transformar o pão e o vinho em seu corpo e seu sangue. Também disse em outro momento: “Eis que estarei convosco até a consumação dos séculos”, o que significa que aqueles primeiros padres seriam substituídos por outros até o fim dos tempos.

Pedro O negou por três vezes.  E você? E eu? Quantas vezes já negamos a Jesus?  Não dá nem para contar. Se tivéssemos agora em notas de cem reais ou de cinqüenta, em relação às vezes em que negamos Jesus, estaríamos ricos!

Negamos Jesus quando não respeitando os seus ensinamentos, agimos de acordo com o nosso egoísmo, de acordo com o instinto, de acordo com os ditames da carne, de acordo com a ditadura do liberalismo, de acordo com a moda, de acordo com o consumismo, enfim, de acordo com o mundo. Negamos Jesus quando temos vergonha de nos confessar cristãos diante dos homens e das mulheres, como o fez Pedro  com medo de também ser preso e morto. Negamos Jesus quando não nos preparamos adequadamente para fazer um bom sermão, uma boa homilia, e confiando no nosso conhecimento próprio, nos aventuramos a falar algumas palavras de improviso, nos esquecendo que a catequese é a coisa mais importante da santa missa, depois da Eucaristia.  Negamos Jesus quando  pecamos, quando ignoramos o nosso irmão, quando o excluímos, quando o discriminamos, etc.

Jesus começou a ficar triste e angustiado, e foi com os discípulos ao um lugar chamado Getsêmani para rezar.  Também nós por vezes ficamos angustiados quando alguma coisa não está dando certo em nossa vida, quando ficamos doentes, por exemplo,  quando perdemos um ente querido, quando se aproxima a nossa hora como foi o caso de Jesus Deus e homem.  E para nos dar o exemplo, Jesus enquanto homem se dirigiu ao Pai. Ele estava nervoso. Pois enquanto Deus, Ele sabia de tudo pelo qual iria passar. E enquanto homem, sentia uma tristeza mortal. "Então Jesus lhes disse: 'Minha alma está triste até á morte. Ficai aqui e vigiai comigo!'

Este mesmo Jesus-homem,  sentiu-se abandonado pelo Pai nos seus minutos finais de vida, e bradou:  'Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?'

Muitos de nós também já nos sentimos abandonados por Deus por várias vezes na vida. E costumamos perguntar: Por que, meu Deus?!

Meus irmãos. Precisamos confiar mais em Deus! Precisamos rezar mais.  Aquele momento de angústia, assim como de desespero que  Jesus-homem experimentou, passou logo. Enquanto que nós, pela nossa falta de fé e pela ausência de oração, podemos ficar dias angustiados e infelizes quando algo ruim nos acontece.

Mas a final. Por que mataram Jesus? Esta é uma pergunta que paira o tempo todo na mente daqueles que participam ou assistem a Paixão de Cristo.  Acontece que naqueles tempos, na  Galileia, lugar de gente explorada e marginalizada, para a qual a missão  de Jesus se tornou, de fato, uma boa nova, a qual trazia, junto com suas ações as palavras, a libertação dos oprimidos, dos humilhados, dos deixados de lado. E esse trabalho de conscientização, atraiu sobre a pessoa de Jesus, a ira dos poderosos injustos. Jesus estava atrapalhando os seus negócios tão lucrativos.

Para entender melhor isso, é importante aqui nos reportar  a realidade político-econômica e  social porque passava a sociedade do tempo de Jesus:

Além da invasão romana, aquela sociedade,  os cristãos da Galiléia,  estava sofrendo o ataque ou a invasão dos “bandidos”  que fizeram uma verdadeira tomada de Jerusalém. Aconteceu que pequenos proprietários rurais que perderam suas terras pelos altos impostos, e pela improdutividade gerada  pela infertilidade do  ano sabático, que segundo o judaísmo, era um ano sem plantar, e a isso convém acrescentar os altos juros cobrados pelos saduceus os quais lhes emprestavam dinheiro,  esses pequenos proprietários rurais revoltados passaram a assaltar em grupos. Eles se escondiam nas cavernas, e assaltavam principalmente as caravanas romanas, e num trabalho semelhante ao de Robin hood, eles repartiam o produto do roubo com os excluídos. Por isso, os chamados “bandidos”, contavam com  o apoio e a simpatia do povo faminto e explorado pelos ricos proprietários de terras, entre eles, os sumos sacerdotes e doutores da Lei.
  
A fúria  e a revolta desses pequenos proprietários de terra chegou ao ponto deles invadirem Jerusalém onde se achavam os arquivos e os documentos de suas dívidas injustas dos seus credores exploradores, entre eles, os anciãos, membros do Sinédrio, sumos sacerdotes. Naquela ocasião, que foi no ano de 66, os “bandidos”  queimaram os referidos documentos e mataram os seus respectivos credores.

Foi por isso que Jesus foi escolhido no lugar de Barrabás,  condenado e morto como se fosse um bandido, e até sendo crucificado entre dois deles, numa manifestação da prepotência da elite judaica que arrolou o poder romano para concretizar  aquela chacina, ou a morte de um inocente, o qual foi condenado exatamente por ser justo. Por defender os pobres da exploração dos ricos.

O ladrão Dimas que Jesus perdoou no seu momento final na cruz, na realidade, não era um assassino cruel, mas sim um daqueles chamados “bandidos” que na companhia de outros agricultores revoltados, reclamava,  apesar de forma violenta, os seus direitos de ter um a vida com abundância.

Jesus foi preso à noite. Por isso, era necessário alguém, que no caso foi Judas, para indicá-lo aos soldados romanos que vieram prendê-lo.

A morte de Jesus já estava decretada pelas autoridades religiosas. Só restava apenas pegá-lo quando menos se esperasse. Por isso mesmo, Jesus só ficava em Jerusalém durante o dia, à noite dormia fora da cidade. Ele bem sabia que entre os discípulos havia um traidor.  Assim se explica o aspecto clandestino da ida de Jesus à noite a uma casa da cidade para celebrar a Páscoa.

Jesus é a vida que nasce da morte. No mundo inteiro, a repetição diária da celebração da Paixão do Senhor na Santa Missa, é necessária e indispensável para nos fazer entender o que significa a vitória do derrotado, o sucesso do fracassado, a glória da humilhação, a vida que nasce da morte.

A morte de Jesus, portanto, não ocorreu por acaso, mas é resultado de um plano diabólico de morte arquitetado pelos líderes religiosos e políticos, para anular a sua ação libertadora.

Porém, nada disso adiantou. Jesus ressuscitou e está vivo no meio de nós, assim como suas idéias, a sua Boa Nova, o Evangelho, que continua vivo até hoje no nosso meio, fertilizando as nossas mentes para semearmos o amor de Deus e a conscientização entre os oprimidos e os explorados.


Bom domingo. José Salviano.


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