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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O CAMINHO DA CRUZ – Maria de Lourdes Cury Macedo





Domingo, 3 de setembro de 2017.
Evangelho de Mt 16,21-27 

Jesus e seus discípulos estão a caminho de Jerusalém. Jesus começa a mostrar para os discípulos o Caminho da Cruz. Esse caminho é marcado pela necessidade de ir a Jerusalém sofrer, ser morto e ressuscitar. Jesus tinha consciência que pelo seu modo de viver, de falar, de agir, de ensinar não seria aceito pelas autoridades políticas e religiosas, mas corajosamente ele não recua, Ele não volta atrás, segue em frente para Jerusalém onde assume conscientemente os riscos da rejeição, do sofrimento e da morte por causa da justiça do Reino.
No (v21) podemos perceber quatro etapas do CAMINHO DA CRUZ quando Jesus disse: “que precisava ir a Jerusalém (1ª), sofrer muito da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas (2ª);  seria morto (3ª), e ressuscitaria ao terceiro dia”. (4ª)
A primeira etapa é ir a Jerusalém. Jesus sai da Galileia e vai para a Judeia, onde vai encontrar resistência e oposição em sua força total. Ele sabe que vai encontrar as forças de oposição. Oposição as suas palavras, aos seus ensinamentos, a sua pessoa, ao seu modo de ser e de agir.
A segunda é a do sofrimento causado pelos anciãos, sumos sacerdotes e doutores da Lei, todos eles membros do Sinédrio, o Tribunal Supremo (a sede da injustiça, pois governa, age injustamente, escravizando o povo).
Os anciãos formavam a classe alta de Jerusalém. Eram grandes latifundiários (donos de muitas terras). Representavam o poder do dinheiro.  A maioria deles era do partido dos saduceus.
Os sumos sacerdotes eram a classe alta sacerdotal. Eles também pertenciam ao Sinédrio e ao partido dos saduceus... Representavam o poder religioso.
Os doutores da lei formavam a classe intelectual. Era o terceiro grupo do Sinédrio e, em sua maioria, pertenciam ao partido dos fariseus. Eram aqueles que tinham o poder do saber, pois conheciam as escrituras, as leis e ensinavam para os outros. Eles são os donos da verdade e “formadores da opinião pública”.  É nas mãos desse tribunal supremo que Jesus será morto para depois ressuscitar.
Jesus tem consciência do enfrentamento do Sinédrio. E começa a mostrar isso aos discípulos. Pedro por sua vez propõe outra alternativa para Jesus, não quer que ele vá a Jerusalém para lá morrer. Porque lá o Messias seria rejeitado, passaria pelo sofrimento e morte.
A reação de Jesus é forte, diz palavras duras a Pedro. Ele rejeita Pedro como rejeitou Satanás no episódio das tentações: “Vá para longe Satanás”. Pedro é satanás e pedra de tropeço “porque não pensa como Deus e sim como os homens” (v23) Pedro quer desviar Jesus da sua missão, não por mal, mas por não compreender a Missão de Jesus.
Pedro descobrira que Jesus é o Messias, porém não aceita as consequências de ser o Messias servo sofredor. Não pensava um Messias sofredor, rejeitado, cuspido, crucificado. O mesmo Jesus chamara Pedro de pedra a qual a igreja estava sendo edificada, chama-o agora de “satanás”. Pedro não está pensando as coisas de Deus e sim as coisas dos homens. O pensamento do discípulo é do mundo, de gente que ainda não assimilou a mensagem de Jesus... Ele tem que aprender que é preciso renunciar a si mesmo, tomar a cruz e seguir Jesus como discípulo.
Poderia ter passado pela cabeça de Pedro: “Eu me encantei com o Senhor, decidi segui-lo, esperei tanta coisa – esperou o quê, por exemplo? Poder neste mundo, cargos importantes, vida boa, rica, glória?  E o Senhor me oferece a cruz e a permanente situação de discípulo, de aluno? Acho que fui enganado”!
A missão de Jesus não é do jeito que queremos, ao contrário, quer que nós sejamos como Ele é. Jesus não combate a violência com violência, o mal com o mal, Jesus usa uma luta pacífica, sua arma é o Amor. Jesus quer deixar claro que o Messias não seria um rei glorioso que muitos esperavam. Um Messias lutador, guerreiro que ia expulsar os Romanos de suas terras e ia governar com poder e glória.
A salvação que Deus oferece não coincide com os planos de grandeza humana. A felicidade consiste na união com Deus e com os outros, e poderá exigir, e quase sempre exige o sacrifício até mesmo da própria vida.
Jesus diz palavras duras a Pedro. A razão destas palavras era porque se comportava como o tentador propondo-lhe o domínio material sobre todos os reinos deste mundo.
Nós também pensamos como Pedro, não é mesmo? O homem quer ter domínio sobre os outros; alcançar o poder para ter mais coisas; agir com violência contra os que nos ofendem e nos tratam mal ou nos prejudicam... Outras vezes chega fazer caridade esperando tirar proveito ou vantagem pessoal. Ao contrário Jesus serve aos outros; procura ser mais em qualidade; ensina a perdoar, a amar, a ser misericordioso, solidário, partilhar nossos bens, nossas vidas... e assim apresenta as condições pra segui-lo: negar-nos a nós mesmos.
Muitas vezes somos “satanás” pra nossos irmãos quando queremos desviá-los do caminho certo, dando conselhos que não estão de acordo com os ensinamentos de Jesus, quando queremos atrapalhar os bons planos dos nossos irmãos, quando desencorajamos nossos irmãos de fazer caridade, de fazer o bem para o outro, desencorajamos as pessoas de trabalhar nos serviços da igreja, de perdoar a quem nos ofendeu, de retribuir com o bem, o mal que nos fizeram, de vingar, de dar o “troco” como costumamos dizer àqueles que nos ofenderam ou nos prejudicaram.
Jesus repreende Pedro, e em seguida mostra aos discípulos as condições para segui-Lo. Seguir a Jesus é adesão pessoal (se alguém quiser vir comigo tome sua cruz e siga-me) isto requer renúncia, aceitação e compromisso.  O destino do discípulo não pode ser diferente do destino de Jesus. Para estar com Ele é exigido duas condições: renunciar a si mesmo e tomar a própria cruz.
Renunciar a si mesmo é deixar de lado toda ambição pessoal, o comodismo, a vida errada, a vida egoísta que só pensa em si. Renunciar a si mesmo quer dizer: que a Salvação, a vida Nova de união com Deus e com os irmãos deve ser um grande valor para nós. Renunciar a si mesmo é não pensar só em si, no seu bem estar, mesmo que tudo indica que será um bem para nós, mas pensar também no bem do outro e fazer tudo para o irmão ser feliz.
Cristo nos pede que nossas escolhas sejam determinadas pelas necessidades dos irmãos. Todo o nosso agir seja gratuidade, isto é, sem esperar nada em troca e nossa vida seja doação de nós mesmos. Aí sim devemos nos alegrar se nossa vida se transformar em doação.
Carregar a própria cruz é enfrentar, com as mesmas disposições de Jesus, o sofrimento, perseguição e morte por causa da justiça, por causa do Evangelho. Podemos aqui nos lembrar da última bem-aventurança, a dos perseguidos por causa da justiça. Ser discípulos de Jesus, portanto, é reviver a síntese das bem-aventuranças. Podemos nos lembrar de tantas pessoas que morreram por defender os pobres, os sofridos, os excluídos, os desprotegidos: padres, freiras, leigos etc.
Carregar a cruz vai além de suportar sofrimentos, dores, doenças, desgraças, mortes, tragédias, desemprego, situação financeira difícil. Carregar a cruz é seguir o caminho que Jesus percorreu, dar a vida pelos mesmos ideais, enfrentar, se necessário até a perseguição e a morte por fidelidade ao Evangelho, como Jesus que deu a vida por nós e foi perseguido porque não abriu mão de sua doutrina de amor.
Estamos percebendo as condições para seguir Jesus na vida de comunidade, na vida de Igreja? Viver na igreja é viver em comunhão de vida com o Pai e com os irmãos.
Finalmente, (v25-27) são apresentados três motivos que justificam as duas condições que Jesus coloca para os discípulos de Renunciar-se a si mesmo e carregar a cruz.
Primeiro quem dá a vida não perde, mas a ganha como a semente lançada na terra.
Segundo, a vida deste mundo passa depressa, voa, é transitória, frágil, precária. Não vale a pena nos agarrarmos a ela como se fosse um valor absoluto, eterno, inacabável. Esta vida aqui não é definitiva, mas passageira.
Terceiro, será a recompensa final, a glória eterna, o céu, pois a única coisa que o homem leva consigo é o amor dado e recebido durante a vida. É a coerência de vida.
Ser cristão é entregar-se, confiar totalmente na pessoa de Jesus. Isto é a maior sabedoria, o maior amor. Ser cristão é aceitar as palavras de Jesus, suas ideias, como norma para nossa vida: é viver como ele viveu; é segui-lo como seguimos a um guia de absoluta confiança, até as últimas consequências. Cristo exige muito de nós, mas está exigindo o que Ele mesmo fez.
Os discípulos tinham uma ideia errada da missão de Jesus e como deveriam ser e como os seus discípulos deveriam se comportar. Jesus, portanto, vai ao encontro da cruz para depois voltar em sua glória, ressuscitado, vitorioso. Nós cristãos para ganharmos a vida eterna também teremos que percorrer o caminho da cruz, pois Jesus retribuirá a cada um, de acordo com a vida que levar aqui neste mundo, de acordo com a coerência de nossa vida.
O que poderemos levar conosco no fim de nossa vida? O dinheiro acumulado, os prazeres que desfrutamos, as vitórias que alcançamos, a gratidão dos outros, os títulos, as honras? Não! A única coisa que nos restará será o amor que tivermos dado a Deus e aos irmãos.
Abraços em Cristo!
Maria de Lourdes  






2 comentários:

  1. Estimada Maria de Lourdes! Que reflexão profunda. Muito tocante e comprometedora. Nos questiona verdadeiramente se estamos sendo seguidores de Jesus ou dos fariseus... Deus lhe abençoe e ilumine cada vez mais. Pe. Dulcio

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  2. Padre Dúlcio,
    Obrigada pelo seu comentário, me estimula a estudar mais para escrever e ajudar quem se interessa.
    Maria de Lourdes

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