DIA 14 TERÇA -Mc 1,21b-28
Ensinava como quem tem autoridade.
Este Evangelho narra a cura de um
possesso. O fato aconteceu durante uma reunião do povo na sinagoga. Estamos no
comecinho da vida pública de Jesus e, como pouca gente o conhecia, ele
aproveitava as reuniões nas sinagogas para anunciar a realizar a Boa Nova.
O povo ficava admirado, porque Jesus
falava com autoridade, não como os chefes religiosos, que eram inseguros e
falavam sem muita convicção, repetindo opiniões de vários autores, de forma
enfadonha. Jesus, ao contrário, transmitia segurança. Para falarmos com
autoridade, precisamos ter fé e viver a fé que temos. Assim temos autoridade
sobre o mal que está em nós ou nos outros.
Jesus curava os doentes que pediam;
curava também os que não pediam; e curava até os que o atacavam, como este
caso.
O homem era “possuído por um espírito
mau”, isto é, ele se deixava levar pelas forças do mal. Essas pessoas, ou são
medíocres, ou praticavam ações más. Essas forças do mal vêm do demônio, ou do
mundo pecador, ou de dentro de nós mesmos, devido às consequências do pecado
original que carregamos. Quanta gente hoje vive possuída por espírito mau!
Ao ouvir Jesus, e perceber que ele podia
afastar o mal dos ouvintes, o homem atacou a Jesus, tentando fazer com que ele
parasse de falar. Mas deu o contrário, o possesso é que foi curado. Não é o
homem mau que Jesus ataca, mas sim o mal que está nele.
Entretanto, o homem se contradisse. Pela
forma de atacar, ele acabou confessando que Jesus é realmente o Messias: “Que
queres de nós, Jesus de Nazaré? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu
és o Santo de Deus”. As forças do mal conhecem quem é mais forte que elas,
porque agem com a força de Deus, e assim pode destruí-las. Por isso atacam. Mas
deu o contrário. Também hoje Deus nos defende, quando somos atacados e até vira
ao contrário o ataque, transformando em testemunho a nossa favor e a favor do
Reino de Deus.
“Cala-te e sai dele”. Outras vezes,
Jesus curou mudos para que falassem. Não é o homem que Jesus ataca. Jesus o
amava. Precisamos saber distinguir entre a pessoa e o mal que está na pessoa.
Diariamente nós nos encontramos com as
forças que se opõem à verdade e escravizam as pessoas. Essas forças estão
reunidas em um só comando: o demônio. Aparentemente cada um faz o mal por sua
própria conta. Mas, na realidade, todos os que praticam o mal estão a
disposição de um só comando, que é o demônio. Eles procuram dissimular, e
gostam quando as pessoas não acreditam na existência deles. Ele age ou
diretamente ou através daqueles que ele já conquistou e que criaram as
organizações e estruturas do mal. Muitas vezes, ele age também dentro de nós,
usando as raízes do pecado original que ficaram em nós. O homem era “possuído
por um espírito mau”, isto é, ele se deixava levar pelas forças do mal e
praticava ações más.
Na maioria das vezes o demônio procura
dissimular a sua presença e ação e, enquanto ninguém ameaça as suas posições,
ele vai tomando conta da sociedade, levando-a à corrupção, à injustiça, à
violência e a outros pecado. Quanta gente é possuída pelo espírito mau e não
percebe!
Esse nosso inimigo não dorme, e vê com
antecedência quais as pessoas que podem debilitar o seu império. Assim, essas
pessoas começam a agir, o demônio já se levanta e ataca. Por isso que, mal
Jesus começava a falar, algum “possesso” já se levantava contra ele, mesmo
dentro da casa de oração.
Este foi apenas o primeiro enfrentamento
de Jesus com o espírito mau. Houve muitos outros, até o dia em que toda a
sociedade judaica se levantou e matou o Filho de Deus.
Jesus é “o Santo”; ele está acima de
todas as forças do mal, as visíveis e as invisíveis. Nós cristãos precisamos
desmascarar as maldades escondidas e disfarçadas da sociedade pecadora. Seremos
atacados, mas compensa; afinal, Deus estará conosco e a vitória é certa.
Mas para isso precisamos ter fé convicta
e não ficar inseguros diante das estruturas de pecado e dos homens e mulheres
pecadores. Nós apenas emprestamos a nossa voz ao Espírito Santo.
“Então o espírito mau sacudiu o homem
com violência, deu um grande grito e saiu.” O mal não sai das pessoas de graça.
Ele dá o troco, fazendo a sua última maldade para a pobre pessoa que, até há
pouco, era possuída por ele.
Quem tem mais pré-disposição a ser
conquistado pelo espírito mau é o medíocre. Este ou esta, quando está em
dificuldade, facilmente deixam de lado valores absolutos e que envolvem a vida
eterna, como a obediência aos mandamentos. Alguns deixam até a Igreja de Jesus.
A nossa missão é desmascarar o mal o mal
que está nas pessoas. “Livrai-nos do mal”.
Certa vez, a rainha de Sabá recebeu uma
importante visita em seu palácio: o rei Salomão, considerado na época o homem
mais sábio do mundo. A rainha lhe propôs uma espécie de enigma: conduziu-o até
um dos aposentos de seu palácio, onde artesãos admiráveis haviam enchido o
espaço com flores artificiais. Era como se, num prado maravilhoso, flores das
mais variadas espécies e dos mais diferentes aromas oscilassem suavemente ao
sabor de uma brisa.
A rainha lhe disse: “Uma dessas flores,
e apenas uma, é verdadeira. Pode me dizer qual delas?”
Salomão olhou atentamente, lançou mão de
todos os recursos de sua sensibilidade, mas não conseguiu apontar a flor
natural. Então disse à rainha: “Posso abrir uma janela?” Com a permissão, ele
abriu, e eis que uma abelha entrou e pousou na única flor que era verdadeira.
Frequentemente acontece de o tentador
nos colocar em um dilema, a fim de nos pegar para si. Nessa hora, é só nós
rezarmos que Deus entra e encontramos a solução, como Salomão encontrou.
Maria Santíssima pisou a cabeça da
serpente. Que ela nos ajude, primeiro a não nos deixar levar pelos espíritos
maus, depois, a termos uma fé convicta, a fim de sermos um instrumento de Deus
na libertação dos que são possuídos pelas forças do mal.
Ensinava como quem tem autoridade.
Padre Queiroz
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