.

I N T E R N A U T A S-M I S S I O N Á R I O S

SOMOS CATÓLICOS APOSTÓLICOS ROMANOS

e RESPEITAMOS TODAS AS RELIGIÕES.

LEIA, ESCUTE, PRATIQUE E ENSINE.

PARA PESQUISAR NESTE BLOG DIGITE UMA PALAVRA, OU UMA FRASE DO EVANGELHO E CLICA EM PESQUISAR.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Comentários Prof.Fernando

Comentários Prof.Fernando* “DOMINGO de RAMOS”/SEMANA SANTA
                    20 de março 2016
Semana Santa, corrupção e manifestações de rua

1)    A semana das dores
·                    “Domingo de Ramos” abre e marca a “Semana Santa”, que é o núcleo de todos os Mistérios do mundo. O Ser divino decidiu encarnar-se em ser humano (Ou será o humano, tão completamente humano que só podia ser Deus? - escreveu o teólogo L.Boff citando Fernando Pessoa). O Mistério dos mistérios é o Eterno que se faz vizinho dos mortais. Na expressão cristã: o “Filho” sai, por assim dizer, do convívio divino, para morar entre nós. Assume sua “Carne”, que atravessa as mesmas fragilidades, num “mergulho” histórico e existencial, do nascimento à morte.
·                    Mas a Semana Santa fala em particular da tragédia do final da vida daquele homem de Nazaré. Nela revemos a situação de Jó (personagem que dá nome ao conhecido livro da Bíblia), protótipo do paciente de um sofrimento injusto e impiedoso, símbolo do inocente diante do mal, chamado até pelos amigos de “culpado” e merecedor de “castigo”. O Cristo da semana santa é também (cf., hoje, Isaías 50) o Servo Sofredor, gemente silencioso sob a tortura.
·                    As dores e angústias do Cristo, inocente, mas acusado por testemunhas compradas, resultaram do seu posicionamento assumido em vista do cumprimento tanto a Lei como da palavra dos Profetas. Preferiu praticar o bem em vez de viver como mero seguidor de doutrinas e ritos religiosos. Irritou os donos da religião de seu tempo. Atraiu o ódio dos que preferiam fazer alianças com Herodes e até com o representante do império romano para continuar usufruindo de prestígio e até do rendimento proporcionado pelo culto e seus sacrifícios, no templo.
·                    As dores e angústias do Cristo, inocente, mas entregue hipócritamente pelos próprios concidadãos ao odiado invasor romano (só ele podia autorizar a pena de morte) resumem as dores e angústias do mais pobres e abandonados de sua gente que, até o momento de sua prisão, ele consolava e amava. O crucificado vive na própria carne a fragilidade daqueles que um dia ajudou. Da viúva que, além de ter perdido o garante de sua sobrevivência numa sociedade de tipo patriarcal, também perdera o filho único. Viveu na própria carne o desprezo que recebiam os excluídos de seu tempo: leprosos, cegos, aleijados e deficientes, pobres e famintos, pessoas conhecidas como “pecadores públicos” tais como mendigos, agiotas, publicanos e prostitutas e os atormentados por muitos demônios e transtornos mentais. Acrescente-se ainda outros grupos também discriminados pela desvalorização social da mulher e da criança.
·                    O Cristo experimentou a humilhação desse povo submetido aos poderosos controladores dos ritos, das etiquetas e leis. Experimentou em si o que vivia a maioria: a humilhação dos doentes e do povo em geral submetidos a rituais, etiquetas e leis impostas pelas três classes políticas da época, líderes hipócritas e arrogantes: fariseus, mestres da lei e sacerdotes. Uns se julgavam os verdadeiros fieis à religião. Outros se consideravam os únicos intérpretes das Escrituras. E, por fim, os sacerdotes: barganhando alívio espiritual das culpas por meio de sacrifícios e ofertas.
·                    Jesus afastou-se das três formas de poder. Caminhava pelas aldeias e cidades, atendendo doentes e deficientes. Procurava aliviar sua dor, curar suas feridas e doençs, expulsar de suas almas o medo e tudo o mais que os atormentasse. Sentava-se à mesa entre publicanos, adúlteros, filhos pródigos, mulheres, crianças e todos tradicionalmente desprezados. A Paixão da semana santa é o preço que o Cristo paga por não ter ficado indiferente à paixão de seus irmãos. Mas a semana santa se conclui com a retomada da Vida pelo mesmo Cristo que passou pela morte. Ressurreição é “insurreição contra a violação da vida” dos cegos, coxos e famintos (L.Boff).
2)    Semana santa em tempos modernos de corrupção
·                    Jesus afastou-se das formas de poder de seu tempo, caminhando junto aos mais fracos. Hoje também renunciaria ao poder para demonstrar um modo de vida voltado par os empobrecidos pela corrupção e pela ganância do lucro “a qualquer preço”. Seria, como o profeta Amós, livre para criticar a exploração dos que, na base da pirâmide, são os produtores de alimentos, prédios, máquinas e serviços. A Semana Santa continua hoje, protagonizada por outras vítimas. Vitimados pela carência de atendimento em saúde, educação, segurança, moradia, transportes. Na parábola do Juízo Jesus se identifica com estas vítimas (a mim o fizestes, Mateus25): os doentes, deficientes físicos e mentais, os flagelados pelas enchentes e deslizamentos de terra. Os carentes de emprego e acesso à cultura, de casa e comida. Eles continuam carregando a cruz do Cristo. Ou, como escreveu Paulo (Colossenses 1,24): “preenchem, na própria carne, as lacunas das tribulações de Cristo” (cf. Colossenses1,24).
3)    Ramos, manifestações e passeatas
·                    O domingo de Ramos refere-se à entrada “triunfal” de Jesus em Jerusalém poucos dias antes de sua morte. A multidão cantava louvores e Hosanas certamente pensando menos em Jesus do que na independência em relação ao império romano, na repetição de novas multiplicações de pães e novos milagres. Havia uma expectativa difusa de um messias para restaurar o “Reino de Davi”. Diante de Pilatos, porém, e dos sacerdotes que dirigiam as multidões, aquela mesma turba preferiu a soltura de Barrabás e esqueceu dos Ramos agitados dias antes.
·                    No Brasil vivemos cenas surreais na TV, delações e denúncias diárias e revelações fantásticas sobre muitos dirigentes, políticos e homens públicos. Nos últimos dias assistimos (ou participamos) de manifestações nas “avenidas paulistas” de muitas cidades. Bandeiras, faixas e outros símbolos, em vez dos Ramos. Novos Hosanas, aclamações e protestos em vez de salmos bíblicos. De uma forma ou de outra nossas manifestações de rua são cortejos messiânicos. Nos tempos de Cristo as opções eram mais simples: ou a “lei” ou a Misericórdia, ou Barrabás ou Jesus. Em tempos modernos de democracia as questões são mais complexas. E as convicções políticas e ideológicas demandam mais informações, argumentos verdadeiros, menos manipulação. Em todo caso aclamam-se novos messias. Moros, Dilmas, Lulas, Temers, Juízes, tribunais, políticos e parlamentos. Risco iminente de radicalização, simplificação da realidade: Barrabás ou Jesus?
·                    Mas a redenção não aconteceu no domingo de ramos, nem se tratava simplesmente de substituir Pilatos por Jesus. É preciso passar pelo domingo para chegar à sexta-feira santa, até a Páscoa. Mas a redenção não vem diretamente das ruas e seus cortejos coloridos, amarelos, vermelhos, verdes... Nem da cadência melhor das palavras de ordem ou dos discursos. A semana santa continua, lenta, longa, dolorosa. Não será fácil reconstruir este país e o mundo. A superação da corrupção não está desligada, em vasos comunicantes, da luta contra o tráfico de drogas e de escravos. Há comércio de armas e guerras de genocídio na Síria e em países da África.
·                    A pequena semana santa da paixão de cada um é inevitável. Na sua família, no seu emprego ou desemprego. Na busca da saúde e superação da violência. Na contribuição possível em seu condomínio, bairro ou favela para a luta de formiguinhas para melhorar condições de saneamento, erradicar endemias e salvar a Natureza ferida. Podemos agir como soldados romanos a serviço deste ou daquele império. Podemos também servir de Cirineus para aliviar algumas dores. Continuamos diante do Mistério e de muitos mistérios. Nossa oração nesta semana santa talvez nos leve a aliviar o peso da cruz de alguém. A oração e a meditação, qualquer que seja nossa religião ou nossa fé, deseja luz e discernimento para todo o povo. Em particular, para os líderes da sociedade civil ou dos poderes da República.
·                    Para que não se perca a esperança de aliviar o peso da cruz dos brasileiros.

ooooooooooooo ( * ) Prof. (Edu/Teo/Fil,1975-2012) fesomor2@gmail.com


Nenhum comentário:

Postar um comentário